Vovô do Ilê Aiê
Mãe Hilda - Ilê Âiê
O Dia da Consciência Negra é celebrado em 20 de novembro no Brasil e é dedicado à reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira.
Apesar das várias dúvidas levantadas quanto ao caráter de Zumbi nos últimos anos (comprovou-se, por exemplo, que ele mantinha escravos particulares) o Dia da Consciência Negra procura ser uma data para se lembrar a resistência do negro à escravidão de forma geral, desde o primeiro transporte forçado de africanos para o solo brasileiro (1594).
Esta data foi estabelecida pelo projeto lei número 10.639, no dia 9 de janeiro de 2003. Foi escolhida a data de 20 de novembro, pois foi neste dia, no ano de 1695, que morreu Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares.
A homenagem a Zumbi foi mais do que justa, pois este personagem histórico representou a luta do negro contra a escravidão, no período do Brasil Colonial. Ele morreu em combate, defendendo seu povo e sua comunidade. Os quilombos representavam uma resistência ao sistema escravista e também um forma coletiva de manutenção da cultura africana aqui no Brasil. Zumbi lutou até a morte por esta cultura e pela liberdade do seu povo.
Crônica da vida real
Osair Vasconcelos
Matéria do Diário de Natal
Com muito passado e nenhum futuro, Fátima desapareceu
17.11.2008 10:02
Quem desapareceu por aí há poucos dias foi Fátima. Desapareceu dali do centro da cidade. Cercanias do Edifício 21 de Março, Praça Padre João Maria, antigo Cine Nordeste. Localizou-se?
Fátima sem-nome-de-família-conhecido. Por quem trabalha por ali, por quem mora na área, pelos amigos de infortúnio regado a crack , era conhecida só como Fátima. Ou Neguinha.
Desapareceu depois das seqüelas de um arrasto de carro. Estranho, não? Vou tentar explicar.
Consta da crônica oral da área em que ela vivia que Fátima fez um pequeno furto numa casa comercial das vizinhanças.
Vacilo grande, erro fatal.
Ninguém sabe se por isso ou sabe-se lá por que outra razão, o fato é que ela foi espancada, amarrada pelas mãos a um carro e depois arrastada por alguns metros. Coisa pedagógica, segundo interpretam as pessoas da área. Para aprender a não fazer o que não deve.
Pedagogia das boas. Fátima, que é negra, ficou rosada, toda rosada pelas costas, nádegas, pernas, e braços.
Como tem lá no fundo abissal do que lhe resta como pessoa um tanto de senso de sobrevivência ou de dignidade, diz para as pessoas que são marcas de um atropelamento. E que deu queixa à polícia.
Vamos dizer que a polícia investigou o caso por uns 15 minutos. E chegou à conclusão que nada aconteceu a Fátima.
E não aconteceu mesmo. Fátima é muito negra, muito sem futuro, em estado já praticamente irreversível de dependência de crack, mãe de quatro filhos de pais diferentes, ignorados e desconhecidos, Fátima é muito ninguém para ter acontecido a ela alguma coisa punível pela polícia ou pela justiça.
Fátima é só isso aí, o retrato repetido, rasgado e jogado às valetas de nossas ruas, daquilo em que Natal está se transformando.
Quem vai se preocupar com fátimas assim?
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