Dia do Nordestino - 08 de Novembro

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Uma viagem pelo Museu Interativo do semi árido


Semi árido
"O clima semi-árido é um tipo de clima caracterizado pela baixa umidade e pouco volume pluviométrico. Na classificação mundial do clima, o clima semi-árido é aquele que apresenta precipitação de chuvas média entre 300 mm e 800 mm."
"O clima semi-árido está presente no Brasil nas regiões Nordeste e Sudeste. Corresponde a uma área de 982.563,3 quilômetros quadrados[1] e é a região semi-árida mais populosa do mundo, com 36 milhões de pessoas.
É definido por quatro dos principais sistemas de circulação atmosférica. Ao passarem pela região, provocam longos períodos secos e chuvas ocasionais concentradas em poucos meses do ano. A precipitação pluviométrica é em média cerca de 750 mm/ano, de forma bastante irregular no espaço e no tempo. As altas temperaturas (cerca de 26o C) com pequena variação interanual exercem forte efeito sobre a evapotranspiração que, por sua vez, determinam o déficit hídrico como o maior entrave à ocupação do semi-árido e ressaltam a importância da irrigação na fixação do homem nas áreas rurais da Região Nordeste em condições sustentáveis.
A evapotranspiração é a perda pela evaporação. Como o subsolo é rico em rochas cristalinas (de baixa permeabilidade), a formação de aqüíferos subterrâneos é inibida. O regime de chuvas rápidas e fortes também impedem a penetração de água no subsolo. Uma outra característica do semi-árido brasileiro é a presença de sais nos solos, precipitados pela evaporação intensa, o que inibe a produtividade agrícola.
A programação de pesquisa relacionada ao clima estuda os parâmetros agrometereológicos que afetam o desenvolvimento e rendimento das culturas – em particular aqueles relacionados com o suprimento de água para "os processos metabólicos das plantas. Estudos têm sido realizados para estimar índices de evapotranspiração que são essenciais para um programa de irrigação. Os estudos abrangem as culturas da manga, banana, goiaba, acerola e tâmara."Clima semiárido - Wikipédia, a enciclopédia livre:

Faveleiro

Caatinga

Aquarela Nordestina
Luíz Gonzaga
Composição: Indisponível

No Nordeste imenso, quando o sol calcina a terra,
Não se vê uma folha verde na baixa ou na serra.
Juriti não suspira, inhambú seu canto encerra.
Não se vê uma folha verde na baixa ou na serra.

Acauã, bem no alto do pau-ferro, canta forte,
Como que reclamando sua falta de sorte.
Asa branca, sedenta, vai chegando na bebida.
Não tem água a lagoa, já está ressequida.

E o sol vai queimando o brejo, o sertão, cariri e agreste.
Ai, ai, meu Deus, tenha pena do Nordeste.


Paisagens

Habitações

Povos

Inselbergd

Vale dos Dinossauros

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Para homenagear os nordestinos


Como um sândalo humilde que perfuma,
O ferro do machado que lhe corta.
Ei de ter minha alma sempre morta,
Mas, não me vingarei de coisa alguma.
Se algum dia perdida pela pruma,
Resolveres bater em minha porta.
Ao invés da humilhação que desconforta,
Teráis um leito sob o chão de plumas.
Em troca dos desgostos que me destes,
Mais carinho teráis do que tivestes.
Meus beijos serão multiplicados.
Para os que voltam pelo amor vencido,
A vingança maior dos ofendidos
É saber abraçar os humilhados.

Extraído de um cd de forró-de-pé-serra
Autor e título por mim desconhecido

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Chover - Cordel do fogo encantado ( Vídeo/foto/letra)




Chover (ou Invocação Para Um Dia Líquido)
Cordel Do Fogo Encantado
Composição: Lirinha; Clayton Barros
"O sabiá no sertão
Quando canta me comove
Passa três meses cantando
E sem cantar passa nove
Porque tem a obrigação
De só cantar quando chove*
Chover chover
Valei-me Ciço o que posso fazer
Chover chover
Um terço pesado pra chuva descer
Chover chover
Até Maria deixou de moer
Chover chover
Banzo Batista, bagaço e banguê
Chover chover
Cego Aderaldo peleja pra ver
Chover chover
Já que meu olho cansou de chover
Chover chover
Até Maria deixou de moer
Chover chover
Banzo Batista, bagaço e banguê
Meu povo não vá simbora
Pela Itapemirim
Pois mesmo perto do fim
Nosso sertão tem melhora
O céu tá calado agora
Mais vai dar cada trovão
De escapulir torrão
De paredão de tapera**
Bombo trovejou a chuva choveu
Choveu choveu
Lula Calixto virando Mateus
Choveu choveu
O bucho cheio de tudo que deu
Choveu choveu
Suor e canseira depois que comeu
Choveu choveu
Zabumba zunindo no colo de Deus
Choveu choveu
Inácio e Romano meu verso e o teu
Choveu choveu
Água dos olhos que a seca bebeu
Quando chove no sertão
O sol deita e a água rola
O sapo vomita espuma
Onde um boi pisa se atola
E a fartura esconde o saco
Que a fome pedia esmola**
Seu boiadeiro por aqui choveu
Seu boiadeiro por aqui choveu
Choveu que amarrotou
Foi tanta água que meu boi nadou****
Zé Bernardinho**
João Paraíbano***
Toque pra boiadeiro

O sertão de carne e osso - Zé da Luz

O SERTÃO EM CARNE E OSSO
ZÉ DA LUZ

(...) NO ROMPÊ DAS ARVORÁDA,
QUANDO ALEGRE A PASSARADA
SE DISMANCHA EM CANTURIA,
ANUNCIANDO AO SERTÃO,

A SUA RESSURREIÇÃO
NO DISPONTÁ DE OUTRO DIA!
NOS GAIO DAS BARAÚNA,
OS MAGOTE DE GRAÚNA

QUANDO O SEU CANTO DISÁTA,
PARECE UNS VIGARO VÉIO
CANTANDO O SAN"

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Minha Terra - Rogaciano Leite

Vegetação e serras de Picuí PB

Açude de Varzea Verde - Picuí PB

Minha Terra - Rogaciano Leite

Eu nascí lá num recanto
Do sertão que amo tanto
Onde o céu desdobra o manto
Feitos de rendas de anil
Onde o firmamento extenso
É um grande espelho suspenso
Refletindo o rosto imenso
Da minha pátria o Brasil

Existe lá um baixio
Onde um sonolento rio
Descança o dorso macio
Numa estrela de cristal
Naquele terreno vasto
Onde a terra tem mais pasto
Onde o Brasil é mais casto
Eu ví meu berço natal


Nascí fitando as colinas
Onde as águas cristalinas
Espalham pelas campinas
O pranto que o céu chorou
Onde a Terra forma um adro
Mostrando a risco de esquadro
O mais invejável quadro
Que a mão de Deus desenhou


No meu sertão brasileiro
Foi aonde eu ví primeiro
O cantador violeiro
Modulando uma canção
Fazer da alma cigarra
Da garganta uma cigarra
Da vida uma eterna farra
E do Brasil um coração
Museu Interativo do Semi-Árido:

Sertão de carne e alma -Ivanildo Vila Nova e Geraldo Amâncio


No tempo da mocidade
Eu também já fui vaqueiro.
Não tinha jurema grossa,
Mororó nem marmeleiro.
Fui cabra de vista boa,
Negro de corpo maneiro.
Pinto de monteiro
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Sertão de Carne e alma
Ivanildo Vila Nova e
Geraldo Amâncio

Uma tarde de inverno no sertão
É um grande espetáculo pra quem passa
Serra envolta nos tufos de fumaça
E agua forte rolando pelo chão
O estrondo da máquina do trovão
Entre as nuvens do céu arroxeado
Um raio caindo assombra o gado
Atolado por entre as lamas pretas
Rosna o vento fazendo piruetas
Nas espigas de milho do roçado

No sertão quando é bem de manhãzinha
Sertanejo se acorda na palhoça
Chama o filho mais velho e vai pra roça
A mulher toma conta da cozinha
Faz um fogo de lenha e encaminha
Um guizado, angú quente ou fava pura
E depois de fazer essa mistura
Sai façeira igualmente uma condessa
Com um tibungo de barro na cabeça
E vai levar aos heróis da agricultura

Falar mal do sertão hoje não ouço
Não se entrega ao cansaço ou enxaqueca
Um herói pelejando contra a seca
Contra a cheia combate sem sobrosso
Respeite a moral de velho ou moço
Se quiser ter a sua respeitada
Sem Brasil a América é derrotada
Com Brasil a América vale mil
Sem Nordeste o Brasil não é Brasil
Sem sertão o Nordeste não é nada

Museu Interativo do Semi-Árido:

Budega - Autora: Maria da Paz

Budega - bodega, mercearia, mercantil, cantina, venda, barraco, banca, mercadinho, barraca, fiteiro...

Sortimento em mercearia (budega)


Sortimento em mercearia (budega)


Folhas de senne (chá de sena)



Tô xegano carregado.
Comprei na budega um ispêio,
Prumode nóis se oiár.
Rapadura? rum!!!
Comprei logo um garajá.
Pru nosso fiinho brincar,
Eu truve um maracá.
Oia só essas piinha,
pru ráido de nóis falar.
E tomém uma lamparina,
Pras noite quilariar.
A budega de Olinto,
Cheinha de surtimento.
Cocorote, sorda preta,
Toicim de poico e galete.
Um preifumin prá você,
cum cheirinho de fulô.
Ispie só esse batom,
É pra tu pintar os beiço.
Truve um coxão de belço,
Umas cordas e uma rede.
Num isquici da bassoura,
Do sabão e da bacia.
O pineu de bicicreta,
Um vestido pra roberta.
Não se apoquente querida,
Que truve muita comida.
Comprei dois saco de feijão
Um de arroz e um de farinha.
Tomém truve umas bulachinha e
Os mios da galinha.
Nesse bizaco incarnado,
tem meisinha, maná e sena.
Mais um bucado de coisa,
Que nem sei pra que servia.
E o pagamento das compra,
Num fiquei deveno nada.
Eu fiz foi com a venda,
Do roçadim de aigodão.
Só tive pena do burro,
Tadim que caiga pessada.
Encha a gamela d'água,
E amarra o bixim na sombra.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

O atraso cultural de uma nação - Dapaz

O atraso cultural de uma nação - miséria, pobreza, abandono, analfabetismo, exploração infantil, violência,racismo, preconceito...




O Brasil passou a colonia de Portugal a partir de 1500, como o tal "descobrimento" por Pedro Álvares Cabral e até o momento da nossa "independência" apenas 3% da população eram letrados. As primeiras faculdades brasileiras foram instaladas e entraram em funcionamento no ano de 1825 (325 anos após o descobrimento) e somente em 1934, surgiu a primeira universidade, frequentada por um seleto grupo de poder aquisitivo elevado. Para nós, brasileiros, isso significa um atraso de mais de 400 anos para que acontecesse a cultura letrada, o que implica em dizer que essa cultura letrada só surgiu de fato no século XX, firmando-se verdadeiramente no século XXI. Porém, dentro desse quadro de esforço pela universalização, há mitos e verdades e, que mesmo assim o povo brasileiro não deixou de ter sua cultura, uma das mais ricas ocidentais. E por mais que seja contraditório para alguns, quem mais fez cultura nesse país, foram os analfabetos. Danças, músicas, ditados populares, lendas, artesanato, e um rico vocabulário, firmado a partir de dialetos e idiomas dos muitos povos que estraram no país, principalmente na época colonial. A exemplo desse vocabulário, temos a palavra "forro", pode ter sido originada da expressão "For all" do inglês - para todos. Temos os nossos próprios costumes a ser preservados, exemplo: a rapadura, um produto inventado no Brasil, mais que por incompetência ou por ignorância, não foi patenteada e foi descaradamente roubada de nós. Mas, o que isso tem a ver com o atraso cultural do Brasil?

Nas agruras da vida
Não vi o tempo passar
Nem se quer espiei pr'ocê

...

Via Láctea - Olavo Bilac

"Ora (direis) ouvir estrelas!Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi,
no entanto/ Que para ouvi-las,
muita vez desperto/ E abro as
Janelas, pálido de espanto...

E convesarmos toda a noite,
enquanto/ A via Láctea, como um
pálio aberto/ Cintila. E, ao vir do
Sol, saudoso e em pranto,/ inda as
procuro pelo céu deserto.

Direis agora: "Tresloucado
amigo!/ Que conversas com ela?
Que sentido/ Tem o que dizem,
quando estão contigo?"

Eu vos direi: "Amai para
entendê-las!/
Pois só quem ama pode ter
ouvido/ Capaz de ouvir e de
entender estrelas.!