Dia do Nordestino - 08 de Novembro

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

E agora? O mundo num acabô - Maria da Paz


E agora... O mundo num acabô – 
Maria da Paz
24/12/2012

O mundo num acabô
Agora o que vou fazê?

Gastei todo meu din’ero

Pensane qui ia morrer
Pedi din’ero emprestado
Pensane que num ia pagá
Agora tô individado
E as contas atrasada
Tão me deixano gagá

Gastei tomem sem pensar
o din’ero do alugué
É só chegano papé
A Fatura do cartão
O carnê da prestação
A luz não pago há três mês
A água faz mais de seis
Os credos do cerular
Num se alembro de butar
Chamo ele pai de santo.
Só recebe, sem ligar

Meu Deus será qui cunsigo
Resolver tanto vudum
Quem foi o fio da mãe
Qui inventou essa infame
Qui no dia vinte e um
Tudo ia pru cabum

Vou obrigar esse infeliz
Pagar todas minhas contas
E tomem convencer
Meu marido a me pardoar
Pois fartando só um dia
Inventei de cunfessar
Uns pequenos pecadinhos
Disse a ele que meu fio
Era fio do vizinho

E pra aumentar meu padicer
O vizim mandou dizer
Qui eu trate de mi mudar
Pois se a muiê dele mi pegar
O dia vinte i um pode até num vortar

Qui minha sina tá traçada
Maria de Seu Zé Maia
Essa raça de profeta
Diz: se num foi num cabum!!!
Vai ser n um pá, pá, pá!!
Ou quem sabe um tum, tum, tum!

Mais Cuma sou atrevida
Diga a ela que incaro
Si num tive medo de Nibiru
Vou ter medo
Dessa boca de balai
Dos cabelo de imbira
Se meta cumigo não
Qui eu corto de navaia.

Ela pensa qui num sei
Qui quando ela passa na rua
A moçada do bar da Lua
Chamum ela de Gení
Si eu pequei
Mais foi só um pecadinho
E ela pecou à vontade
De aimirante a sordado
De prefeito a delegado

O padeiro, o leitero,
E tomem o incanador
Omi pra ser cinsero
Cum dotôr,
e até o chefe do cimitero
Eita Muié chifreira, lacraia
Essa tá de Maria Maia.
Toda essa desgrassera

se sucedeu por mintira
Eu pensei seu moço
qui o dia vinte i um
era a data derradera.




Palavras chaves: Dívida, fim do mundo e traição

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

O governo do Estado do RN - Lema "Faça o que eu digo, mais não faça o que eu faço



O Governo do Estado deveria fazer seu slogan assim: Faça o que digo, mas, não faça o que eu faço
A Educação do Estado do Rio Grande do Norte como também de outros Estados do Brasil, vem sofrendo uma crescente queda. O modismo pela qual passa a Educação deixa uma triste marca: Crianças não tem mais interesse pelo Ensino, os pais não se preocupam com as notas do filhos, muito menos com o que eles estão aprendendo ou deixando de aprender, os professores na grande maioria, andam tão cançados que parecem que saíram de uma guerra. Atribuo essa perda de identidade do aluno, dos pais e dos professores, às facilidades que temos hoje: Aluno tem livros logo no primeiro dia de aula, tem ônibus para ir deixá-los na porta da Escola e muitos reclamam por que "a parada do ônibus não é na porta da casa", tem merenda de ótima qualidade, cadernos e em alguns casos ganham até a farda, perderam o hábito de comprar cartolina, lápis grafith, coleções de cor, borracha, caneta, régua. É um absurdo. E por que estou falando isso? Quando falo de modismo, estou falando poe exemplo do Construtivismo que foi lançado para os professores de para-quedas e quase que esse modelo se transformava em uma baderna e quero que fique bem claro que, muitos estavam deixando correr frouxo por comodismo e nem pensavam no alunado e outros modelos muitas vezes, importados. A construção do saber se faz com disciplina, interesse e orientação, com concentração e esforço (pesquisas).
A falta de compromisso do professor respinga tão somente no aluno. Cabe a cada um de nós fazer uma reflexão e perguntar-se  "O que estou fazendo com o meu aluno? Se fosse ele o meu filho, que professor eu queria para ele? Eu um encontro que assistia a palestrante leu uma citação que guardei com muito cuidado e depois fiz um murais e o coloquei e dei uma aumentadinha nele: Se eu soubesse que a Escola Pública seria para os meus filhos ou para os filhos dos meus filhos eu teria ensinado melhor" Nós somos os espelhos que refletem o nosso aluno, a referencia.
Mas, e a falta de compromisso dos pais o que ocasionam nessas crianças jovens adolescentes? Eu mesma respondo, a perda da identidade como pessoa idônea.
Como pode um pai que tem um filho que não quer nada na escola, que manda professor tomar em vários lugares, não tem se quer a nota para chegar a recuperação (retido automaticamente), dizer que no final do ano vai uma Traxx para o filho?

Pela Lei de Diretrizes e Bases (LDB), que regulamenta a Educação no Brasil, as escolas devem cumprir pelo menos 200 dias letivos anuais, distribuídos em dois semestres. Porém a cobrança por parte da Secretaria de Educação do Rio Grande do Norte é regulada pela LDB. Mais todas essas comodidades garantidas pelo  PNDE - Plano Nacional de Desenvolvimento Escolar, não são cumpridas pelos administradores. Exemplo: O ônibus este ano de 2012 pararam pelo menos  "quatro vezes" - Explicações que nós gestores escutamos por que graças a Deus temos ouvidos. Digo sempre que, éramos mais responsáveis pelos nossos estudos, quando o pai e a mãe ralavam para adquirir o sagrado material Escolar. Nunca rasguei um livro, nunca vendi o meu livro didático por R$ 10.00 (dez reais) para alunos de Escolas Particulares, muito menos deixei-o em qualquer lugar : Nunca mandei colegas riscarem minha farda com seu nomes e frases bobas, exceto quando conclui os estudos (8ª Série e 3º Ano do Ensino Médio); Nunca joguei o meu lanche nos colegas ou no lixo ( desde pequena aprendi com meus pais que o alimento é precioso, se não estou com fome, deixo pra quem a tem), até por que na minha época de escola Primária a merenda não era farta como nos dias atuais. Era necessário que os alunos levassem para a Escola verduras, condimentos e cheiro verde para fazer a sopa que o governo mandava chamada "Sopa de Bugou". Era um troço parecido com arroz, importado da França. Achávamos a sopa deliciosa.
Alguém há de dizer que o texto é contraditório, pois comparo o tínhamos e o que temos. Temos sim, o Governo Federal injetando dinheiro nas Escolas e o Governo Estadual e/ou Municipal de mãos amarradas, deixando de oferecer o que determina a Lei. Vou citar dois exemplos básicos: o PDDE é um recurso do Governo Federal destinado a comprar materiais de consumo e de uso durável para complementar as necessidades das Escolas e que os Governos Estaduais e Municipais fazem? deixam todas as compras para o Caixa Escolar comprar. De vez em quando umas panelas de alumínio, uma tábua de carne.... A maior indignação porém, é com relação aos ônibus do Governo Federal (os famosos amarelinhos) ficaram parados no pátio da Secretaria de Educação por todo o ano, enquanto que nossos alunos amargaram as greves dos motoristas, que coincidentemente ocorreram nos períodos de provas. E só agora, faltando pouco menos de um mês para findar-se o ano letivo, os amarelinhos começaram a circular e graças a Deus "muito bem". Mas, como eu sou uma pessoa otimista, apesar de não parecer "antes tarde do que nunca" Se tem incoerência nesse texto parte de quem cobra 200 dias letivos e não oferece as condições. Houvi de alguém de lá que disse: - Vocês podem pagar os dias que os ônibus ficaram parados, esticando o ano letivo. Mais tem graça mesmo. Estivemos na Escola, realizamos nosso trabalho. Somos conscientes da perda que o aluno teve, mais não é justo com quem teve compromisso. Tenho muito respeito aos alunos, mas, nem por isso por renegar os direitos dos professores. Por isso afirmo que  é uma leitura cheia de incoerências. E para contrariar mais um pouco digo "Faça o que digo e não faça o que eu faço" talvez depois de uma leitura bem lenta eu precise mudar alguma coisa.
Li e percebi que não falei do IDEB. 
Outro dia li em um Jornal local que o pior IDEB do Brasil está no Rio Grande do Norte. Notícias que só quer provar a incompetência do gestores escolares. Mas, que hipocrisia. A firmo que a culpabilidade é exclusivamente do Governo do Estado, através de seus representantes legais, através dos tempos. Já ocorreram muitos casos de um turno inteiro ser penalizado pela falta de um ou mais professores. Em 2010. A Escola Estadual "Henrique Castricano de Souza" não foi contemplado com o professor de Ciências e os alunos principalmente do 9º Ano amargaram o prejuízo, concorrendo com alunos que tiveram aulas de Ciências nesse mesmo período, uma vez que para fazer as provas do Colégio Agrícola de Jundiaí e IFRN é necessário conhecimentos básicos de Biologia, Física e Química, conteúdos aplicados no 8º e 9º Ano.
São tantas as polêmicas que estou até com as idéias torcidas.



sábado, 6 de outubro de 2012

Pra dar um samba de pau nos ladrões engravatados


Pra dar um samba de pau nos ladrões engravatados


       Pra dar um samba de pau nos ladrões engravatados





Mote: José Ilton - Glosa: Edmílson Garcia)

1
Estou selecionando
Uns cabras bons de pancada
Pra na hora apropriada
Dá um jeito nesse bando
Maguila já esta treinando
Taisson e Popó,”contratados!”
Eu e você, “bem treinados”
Vamos juntos dar um grau
PRA DAR UM SAMBA DE PAU
NOS LADROES ENGRAVATADOS
2
Chamei zezim de dodó
Chico de zé cabeção
Toim de joão maranhão
E severino cabrobó
Joquinha de caicó
E pedrão de afogados
Todos eles são malvados
Só vivem fazendo o mal
PRA DAR UM SAMBA DE PAU
NOS LADROES ENGRAVATADOS
3
Fretei um boeing e voei
Direto para o Nordeste
Lotei de cabras –da-peste
Dia seguinte, voltei
Mas antes eu avisei
Pra todos, virem armados
Deixei eles, avisados
Que a intensão principal
É DAR UM SAMBA DE PAU
NOS LADROES ENGRAVATADOS
4
Com um cabra do sertão
Já é o suficiente
Não precisa muita gente
Parecendo um batalhão
Se eu chamar “zé do facão”
Ele ajeita esses safados
Uns bofetes caprichados
Até que não ia mal...
PRA DAR UM SAMBA DE PAU
NOS LADROES ENGRAVATADOS
5
Se eu fosse o presidente
Ou mesmo um governador
Como administrador
Faria o povo contente.
Mandando um contingente
Com mais de dez mil soldados
Ir em todos os estados
Com uma ordem federal
PRA DAR UM SAMBA DE PAU
NOS LADROES ENGRAVATADOS
6
Vou fazer um movimento
Do Oiapoque ao Chuí
Já vou começar daqui
Pra ter maior chamamento
Através d`um documento
Todos vão ser avisados
Quero vocês empenhados
À nível nacional
PRA DAR UM SAMBA DE PAU
NOS LADROES ENGRAVATADOS
7
Acabei de contratar
Mão-dura e chico-zangado
Peso-bruto e zé-malvado
João- do chute e quebra-mar
Nem vou me preocupar
Eles são acostumados
Pra bater são estressados
E com instinto animal
PRA DAR UM SAMBA DE PAU
NOS LADROES ENGRAVATADOS
8
Quem leva dinheiro em “meia”
Em cueca e em sacola
Pra mim,,,foje da bitola
É mania muito feia
Tem que mandar pra a cadeia
Manter todos enjaulados
Amarrar esses safados
Sem-vergonha e sem moral
E DAR UM SAMBA DE PAU
NOS LADROES ENGRAVATADOS
9
Vou buscar um cabra ruim
La no meio do sertão
Malvado igual lampião
Que não goste de pantim
Que sofra de “farnezim”
Que tenha muitos pecados
Com os nervos agitados
E c`uma força brutal
PRA DAR UM SAMBA DE PAU
NOS LADROES ENGRAVATADOS
10
Já encontrei o sujeito
Que eu estava procurando
Ele faz parte d`um bando
Que leva tudo no peito
Tem u`ma cara de “suspeito”
é daqueles desalmados.
raça dos agalegados
Vermelho igual colorau
BOM PRA DAR SAMBA DE PAU
NOS LADROES ENGRAVATADOS

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

A Educação do RN está caindo das pernas - Da Paz


A Educação do RN está caindo das pernas por que o Governo Federal faz a sua parte, mas, o Governo Estadual não se preocupa muito em viabilizar as condições mínimas para que as coisas aconteçam. Escolas sem merendeiras, sem porteiros, sem inspetor de alunos,  A infra estrutura é uma negação. As escolas só faltam cair na cabeça dos alunos, faltam professores nas Escolas, são mais ou menos "Cem problemas" para resolver.
A Escola Estadual "Henrique Castriciano de Souza" colocou o Mais Educação para funcionar na raça: Aulas de Letramento e Matemática funcionando nos corredores, Capoeira e Percussão  são executadas na praça pública, embaixo de uma mangueira (e não é para imitar Paulo Freire ou Djalma Maranhão) é falta de estrutura mesmo! As aulas de vôlei acontecem em um espaço inadequado pelo declive do terreno e a céu aberto. (Sol de rachar taquara). Não temos refeitório e os alunos fazem suas refeições em mesas improvisadas, a sala de informática que também é uma gambiarra só comporta 10 alunos, mas as turmas do Mais Educação tem trinta alunos matriculados. O Governo Federal investe pesado nas Escolas através do FNDE (a salvação das Escolas). Com os investimentos do Governo Federal mantemos a Escola do papel higiênico ao maquinário necessário ao bom andamento das Unidades Escolares. Diretores mal pagos (sim por que existem promessas de aumentar a gratificação. Mas, minha mãe me ensinou que "Quem enrica com promessa é São Severino do Ramo). Pois bem, esses diretores exercem função de BOMBRIL (contador, merendeiro, fachineiro, porteiro, psicólogo, enfermeiro, coordenador pedagógico, secretário, ...) As prestações de Contas é a parte mais árdua, pois exige tempo.E tempo é tudo que um gestor de Escola  que se envolve com  "SUA" Escola não tem. Mais sabe de uma coisa? Quando algo dar errado, o Governo do Estado através de seus comandados colocam a culpa nos gestores. Prova Brasil, IDEB, greve de servidores: A culpa é do gestor. A Escola caiu na cabeça dos alunos: a culpa é do gestor. Onde está a contrapartida do Governo Estadual. Ou melhor, onde está a responsabilidade do Governo Estadual? Já que é a Unidade Mantenedora e não está chegando junto para resolver pelo menos 10% dos problemas que lhe cabe resolver. Apesar dos recursos financeiros do FNDE, as Escolas não são ainda autossustentáveis e o governo estadual precisa entrar pelo menos como parceira, (já que dentro das repartições estaduais se usa muito esse termo) para fazer com que seja garantida s estrutura física e pessoal, a fim de garantir uma "Escola de qualidade" com "Ensino de qualidade" Ou, se  de outra forma for, vamos deixar de balela e continuar com esse monte de "analfabetos funcionais" com professores que fingem que ensinam e alunos que fingem que aprenderam, com resultados mascarados e IDEBs que desclassificam escolas e humilham pessoas (a pior Escola do Brasil, está localizada no Rio Grande do Norte). E assim permanecerar a Educação do País, num jogo de empurra-empurra e quem paga o pato são os alunos e o país que amarga a violência gerada pela falta de Educação de Qualidade, Pela ausência da Educação familiar (família - instituição falida  entre os mais carentes, consequência da falta de esclarecimento: Gravidez precoce e indesejada, prostituição, alcoolismo, drogatização, desemprego e outras mazelas que atingem as classes menos favorecidas).

domingo, 23 de setembro de 2012

Mensagem de fé. Extraída da internet. Vale a pena ler


Os tanques, as Crianças e o Caminhão de feirantes - Maria da Paz

Os tanques, as Crianças e o Caminhão de feirantes 
Maria da Paz - 23 de Setembro de 2012




Certa vês, três criancinhas tomavam banho em um lajedo  de tanques, bem parecido com esse aí, quando derrepentemente apareceu um caminhão de feirantes,  um pau de arara. Uma das meninas se escondeu atrás de um barranco de rochas e folhagens, a outra garotinha pulou dentro do tanque e a terceira garotinha ficou chorando, cobrindo  o pecado com uma quenguinha de coco.
Mas, que bobagem, elas tinham de três para quatro anos, estavam tomando banho sem roupas em tanques que se formaram nas pedras enquanto a mãe de uma delas lavava roupas. Não havia necessidade nenhuma da preocupação e o caminhão de feirantes iria sim passar por lá, quero dizer na estrada a uns 100 metros de distância.Os passageiros nem iam perceber se não fosse pela ação desesperada da terceira garotinha.
Foi só o que a pau de ararada quis: risos, vaias e a menininha chorando. No final deu tudo certo e a história fica para a posteridade. A segunda menininha da história sou eu e a mãe era a minha, Vitória Duda.
Os tanques na Paraíba são muito comuns em quase todas as propriedades tem um ou vários.
Em períodos seguidos de chuvas a água acumulada serve para todos os fins.
Os mais profundos são protegidos com uma faxina (cerca de varas finas), essa servirá para uso doméstico, inclusive para beber e as mais rasas são para lavar roupas, tomar banho, para o gado,...
Esses tanques por acaso não era em nossa propriedade, pois nas nossas terras não existiam lajedos, por ser uma área pequena.
O acúmulo de água era feito em barreiros.
Os barreiros são pequenos buracos feitos em regiões baixas por onde a água passa.
Essas águas vêm de tudo quanto é lugar: estradas, pequenos riachos,  dos terreiros, das bicas...
Quando a água atinge o ponto de sangria, está pronta  para ser consumida.
Hoje em dia, sou cheia de onda, como dizem meus alunos. Mas, eu já tomei muita água de barreiro.
A caatinga paraibana sofre muito com as secas.
Há lugares que não tem reserva de água nenhuma e os moradores pegam seus jumentos, burros, cavalos (como queira) e saem em busca desse bem precioso, que na maioria dos reservatórios naturais é salobra, diga-se de passagem. Alguns caminham léguas a fio, para trazer um sua bagagem quatro ou cinco barris. Lá literalmente é o lugar onde se mata um leão por dia.


Admirável gado novo

Zé Ramalho
Vocês que fazem parte dessa massa,
Que passa nos projetos, do futuro
É duro tanto ter que caminhar
E dar muito mais, do que receber.
E ter que demonstrar, sua coragem
A margem do que possa aparecer.
E ver que toda essa, engrenagem
Já sente a ferrugem, lhe comer.
Eh, ôô, vida de gado
Povo marcado, ê
Povo feliz
Lá fora faz um tempo confortável
A vigilância cuida do normal
Os automóveis ouvem a notícia
Os homens a publicam no jornal
E correm através da madrugada
A única velhice que chegou
Demoram-se na beira da estrada
E passam a contar o que sobrou.
Eh, ôô, vida de gado
Povo marcado, ê
Povo feliz
O povo, foge da ignorância
Apesar de viver tão perto dela
E sonham com melhores, tempos idos
Contemplam essa vida, numa cela
Esperam nova possibilidade
De verem esse mundo, se acabar
A arca de Noé, o dirigível
Não voam, nem se pode flutuar,
Não voam nem se pode flutuar,
Não voam nem se pode flutuar.
Eh, ôô, vida de gado
Povo marcado e,
Povo feliz
É a cara do Brasil sil sil siL !!!!!!!!!!!!!!!!!


sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Comentário a respeito de Ouro de tolo do Raul Seixas


A música popular passa a ser o espaço "nobre", onde se articulam, são avaliadas e interpretadas as contradições socioeconômicas e culturais do país, dando-nos por tanto seu mais fiel retrato.
Silviano Santiago

Pirita ou pirite  ou ainda pirite de ferro, é um dissulfeto de ferro, FeS2. Tem os cristais isométricos que aparecem geralmente como cubos, mas também frequentemente como octaedros ou piritoedros (dodecaedros com faces pentagonais). Tem uma fratura ligeiramente desigual e conchoidal, uma dureza de 6-6.5 na escala de Mohs, e uma densidade de 4,95 a 5,10. Tem uma risca negro-esverdeada e, devido ao seu brilho metálico e à cor amarelo-dourada, recebeu também o apelido de ouro-dos-tolos; ironicamente, contudo, pequenas quantidades de ouro podem às vezes ser encontradas disseminadas nas piritas. De fato, dependendo da quantidade de ouro, a pirite aurífera pode mesmo ser uma fonte valiosa deste metal precioso. Em piritas podem ocorrer também arsênioníquelcobalto ecobre. Desse metal saiu a expressão "Nem tudo que reluz é ouro.


Ouro de Tolo  - Raul Seixas

Eu devia estar contente
Porque eu tenho um emprego
Sou um dito cidadão respeitável
E ganho quatro mil cruzeiros por mês

Eu devia agradecer ao Senhor
Por ter tido sucesso na vida como artista
Eu devia estar feliz
Porque consegui comprar um Corcel 73

Eu devia estar alegre e satisfeito
Por morar em Ipanema
Depois de ter passado fome por dois anos
Aqui na Cidade Maravilhosa

Ah! Eu devia estar sorrindo e orgulhoso
Por ter finalmente vencido na vida
Mas eu acho isso uma grande piada
E um tanto quanto perigosa

Eu devia estar contente
Por ter conseguido tudo o que eu quis
Mas confesso abestalhado
Que eu estou decepcionado

Porque foi tão fácil conseguir
E agora eu me pergunto: E daí?
Eu tenho uma porção de coisas grandes
Pra conquistar, e eu não posso ficar aí parado

Eu devia estar feliz pelo Senhor
Ter me concedido o domingo
Pra ir com a família ao Jardim Zoológico
Dar pipoca aos macacos

Ah! Mas que sujeito chato sou eu
Que não acha nada engraçado
Macaco praia, carro, jornal, tobogã
Eu acho tudo isso um saco

É você olhar no espelho
Se sentir um grandessíssimo idiota
Saber que é humano, ridículo, limitado
Que só usa dez por cento de sua Cabeça animal

E você ainda acredita que é um doutor, padre ou policial
Que está contribuindo com sua parte
Para nosso belo quadro social
Eu que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarada cheia de dentes
Esperando a morte chegar
Porque longe das cercas embandeiradas
que separam quintais
No cume calmo do meu olho que vê
Assenta a sombra sonora de um disco voador





POSTEI ESTA MÚSICA PARA FAZER UM BREVE COMENTÁRIO

                      Estava eu e alguns alunos na calçada da Escola, esperando o
ônibus que eles viajam para suas casas ao final do  dia e como de costume
a Direção da Escola. Sim por que é habitual que uma pessoa da Direção
 os acompanhem, até que o último aluno embarque. Hoje eventualmente,
era eu a pastoreia. 
Mais adiante havia um  carro estacionado com um som que
tocava a música "Ouro de Tolo" de Raul. Em um dado momento um dos alunos, exclamou a seguinte frase: - Como pode um pessoa escutar uma música ridícula dessa meu irmão?!!!!  Nesse momento, entrei em campo e fui explicar para oJovem, o que na minha concepção de educadora e transmissora de saberes está faltando na grande maioria dos educadores do Brasil. “A vontade de mostrar  com olhos de sabedoria o que está "embutido" sim, embutido do verbo "esconder" nas letras de músicas que os jovens atuais estabeleceram  como ridículas.” É ridículo ir a rua lutar por direitos da cidadania?
Fazendo uma análise rasa e cotidiana, se descobre coisas bárbaras como: a falta do contentamento pelas coisas que conquistamos (quanto mais temos mais queremos) - eu devia, eu devia, ou a falta de interesse por tudo que adquiriu; Mas, o mais incrível é que existe todo um contexto voltado para as militâncias de 1964. Tudo bem que Raul, não foi nenhum aguerrido das lutas pelo fim da Ditadura Militar, mas, esse descontentamento pode indicar  que havia uma pretensão de sairde sua zona de conforto, ao dizer "Se olhar no espelho e sentir-se um grandessíssimo idiota" e reconhecer a sua impotência  - "ridículo, limitado que só usa 10% de sua capacidade de pensar e agir. Ele ainda atenta para as desigualdades sociais nas pessoas do Doutor, do padre e do policial que ora exercia os desmandos dos ditadores. Raul Seixas nunca foi exilado político, por decisão própria  promoveu seu auto exílio. Suas músicas muito loucas tinham cunho revolucionários, como podemos citar a "Sociedade Alternativa"  movimento que ele trouxe para o Brasil. Assim "ouro dos tolos" para osrevolucionários eram representados através de músicas. Nem sempre músicas, mas mensagens para os colegas que lutam e/ou para a população.
"Nem tudo que reluz é ouro
Nem todoa música é música"
 






Chico Buarque de Hollanda era o preferido pela Censura

Truculência, violência

Dilma, nossa presidente esteve na mira da Ditadura
Carlos Lamarca, 




A música popular passa a ser o espaço "nobre", onde se articulam, são avaliadas e interpretadas as contradições socioeconômicas e culturais do país, dando-nos por tanto seu mais fiel retrato.
Silviano Santiago




Paisagem de Interior - Jessier Quirino

Paisagem de Interior

Matuto no mêi da pistamenino chorando nurolo de fumo e beijucolchão de palha listradoum par de bêbo agarradopreto véio rezadorjumento jipe e tratorlençol voando estendidoisso é cagado e cuspidopaisagem de interior.

Três moleque fedorentomorcegando um caminhãochapéu de couro e gibãobodega com surtimentopoeira no pé de ventotabulêro de cocadabanguela dando risadadas prosa do cantadorbuchuda sentindo dorcom o filho quase paridoisso é cagado e cuspidopaisagem de interior.

Bêbo lascando a canelaescorregando na frutanum batente, uma matutaareando uma panelacachorro numa cadelase livrando das pedradaciscador corda e enxadana mão do agricultorno jardim, um beija-flornum pé de planta floridoisso é cagado e cuspidopaisagem de interior.

Mastruz e erva-cidreiradebaixo dum jatobámenino querendo olharas calça da lavadeiraum chiado de porteiraum fole de oito baixopitomba boa no cachoum canário cantadorcaminhão de eleitorcom os voto tudo vendidoisso é cagado e cuspidopaisagem de interior.

Um motorista cangueiroum jipe chêi de batataum balai de alpercataporca gorda no chiqueiroum camelô trambiqueiroavelós e lagartixabode véio de barbichabisaco de caçadorum vaqueiro aboiadorbodegueiro adormecidoisso é cagado e cuspidopaisagem de interior.

Meninas na cirandinhaum pula corda e um tocavarredeira na fofocauma saca de farinhacacarejo de galinhanovena no mês de maiovira-lata e papagaiocarroça de amoladorfachada de toda corum bruguelim desnutridoisso é cagado e cuspidopaisagem de interior.

Uma jumenta viçandojumento correndo atrásum candeeiro de gásvéi na cadeira bufandoradio de pilha tocandoum choriço, um manguzáum galho de trapiácarregado de fulôfogareiro abanadorum matador destemidoisso é cagado e cuspidopaisagem de interior.

Um soldador de paneladebaixo da gameleirasovaqueira, balinheirauma maleta amarelarapariga na janelacasa de taipa e latadanuvilha dando mijadana calçada do doutortoalha no aquaradorum terreiro bem varridoisso é cagado e cuspidopaisagem de interior.

Um forró de pé de serrafogueira milho e balãoum tum-tum-tum de pilãoum cabritinho que berrauma manteiga da terrazoada no mêi da feirafacada na gafieiramatuto respeitadorpadre, prefeito e doutoros home mais entendidoisso é cagado e cuspidopaisagem de interior.