Dia do Nordestino - 08 de Novembro

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Carta 2070 - Eduardo Botelho

Maria da Paz disse: Este nó na garganta é de tristeza, lembrar que eu podia ter feito a difereança, e eu não o fiz.Perdão meu Deus

Exemplos de anomalias ou modificações genéticas, o bebê sapo e o bebê ciclope são oriundos da Índia.







O ar poluído me deixa sufocado.Perdão meu corpo
Os rios secaram, o solo rachou, não há mais vida no chão. Desertos, chuva ácida. Perdão irmãos.
O tempo se esgotou e eu nada fiz. Perdão meus filhos e netos
Não há mais tempo, adeus meu planeta. Tão belo que...

Aquí começa o documento de Eduardo Botelho

Carta 2070 -Eduardo Botelho
Documento extraído da revista biográfica
“Crónicas de los Tiempos”

Estamos no Ano 2070
e acabo de completar os 50 anos,
mas a minha aparência
é de alguém de 85.
Tenho sérios problemas renais
porque bebo pouca água.
Creio que me resta pouco tempo.

Hoje sou uma das pessoas
mais idosas nesta sociedade.
Recordo quando tinha cinco anos.
Tudo era muito diferente.
Havia muitas arvores nos parques,
as casas tinham bonitos jardins
e eu podia desfrutar de um banho
de chuveiro cerca de uma hora.

Agora usamos toalhas em azeite
mineral para limpar a pele.
Antes todas as mulheres
mostravam a sua formosa cabeleira.
Agora devemos rapar a cabeça
para a manter limpa sem água.
Antes o meu pai lavava o carro
com a água que saía de uma mangueira.

Hoje os meninos não acreditam
que a água se utilizava dessa forma.
Recordo que havia muitos anúncios
que diziam CUIDA DA ÁGUA,
só que ninguém lhes ligava;
pensávamos que a água
jamais se podia terminar.

Agora, todos os rios,
barragens, lagoas e mantos aqüíferos
estão irreversivelmente
contaminados ou esgotados.
Antes a quantidade de água
indicada como ideal para beber
eram oito copos por
dia por pessoa adulta.

Hoje só posso beber meio copo.
A roupa é descartável,
o que aumenta grandemente
a quantidade de lixo;
tivemos que voltar a usar
os poços sépticos (fossas)
como no século passado
porque as redes de esgotos
não se usam por falta de água.

A aparência da população
é horrorosa; corpos desfalecidos,
enrugados pela desidratação,
cheios de chagas na pele pelos
raios ultravioletas que já não tem
a capa de ozônio que os
filtrava na atmosfera,
imensos desertos constituem
a paisagem que nos rodeia
por todos os lados.

As infecções gastro-intestinais,
enfermidades da pele e das vias urinárias
são as principais causas de morte.
A industria está paralisada
e o desemprego é dramático.
As fábricas dessalinizadoras
são a principal fonte de emprego
e pagam-se com água
potável em vez de salário.
Os assaltos por um bidão de água
são comuns nas ruas desertas.

A comida é 80% sintética.
Pela ressequidade da pele uma jovem
de 20 anos está como se tivesse 40.
Os científicos investigam,
mas não há solução possível.
Não se pode fabricar água,
o oxigênio também está degradado
por falta de arvores o que diminuiu
o coeficiente intelectual das novas gerações.

Alterou-se a morfologia dos
espermatozóides de muitos indivíduos,
como conseqüência há muitos meninos
com insuficiências, mutações e deformações.
O governo já nos cobra
pelo ar que respiramos.
137m3 por dia por habitante e adulto.
A gente que não pode pagar
é retirada das “zonas ventiladas”,
que estão dotadas de gigantescos
pulmões mecânicos que funcionam
com energia solar,
não são de boa qualidade,
mas pode-se respirar,
a idade média é de 35 anos.

Em alguns países ficam manchas
de vegetação com o seu respectivo rio
que é fortemente vigiado pelo exercito,
a água é agora um tesouro muito cobiçado,
mais do que o ouro ou os diamantes.
Aqui agora já não há arvores
porque quase nunca chove,
e quando chega a registra-se
uma precipitação, é de chuva ácida;
as estações do ano tem sido
severamente transformadas pelas
provas atômicas e da industria
contaminante do século XX.

Advertia-se que havia que cuidar do
o meio ambiente e ninguém fez caso.
Quando a minha filha me pede
que lhe fale de quando era jovem
descrevo o bonito que eram os bosques,
a chuva, as flores, do agradável
que era tomar banho e poder pescar
nos rios e barragens,
beber toda a água que quisesse,
o saudável que as pessoas eram.

Ela pergunta-me: Papá!
Porque acabou a água?
Então, sinto um nó na garganta;
não posso deixar de sentir-me culpado,
porque pertenço à geração
que terminou destruindo
o meio ambiente ou simplesmente
não tomamos em conta tantos avisos.
Agora os nossos filhos pagam
um preço alto e sinceramente
creio que a vida na terra
já não será possível dentro
de muito pouco porque a
destruição do meio ambiente
chegou a um ponto irreversível.

Como gostaria de voltar atrás
e fazer com que toda a
humanidade compreendesse isto quando
ainda podíamos fazer alguma
coisa para salvar o nosso planeta
Terra!

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