Dia do Nordestino - 08 de Novembro

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Antônio Francisco Teixeira de Melo

Quem já passou no sertão

E viu o solo rachado
Caatinga cor de cinza
Duvido não ter parado
Pra ficar olhando o verde
Do juazeiro copado.

E sair dali pensando

Como pode a natureza
Num clima tão quente e seco
Numa terra indefesa
Com tanta adversidade
Criar tamanha beleza.

Nos seus galhos se agasalham

Do periquito ao cancão
É o hotel de retirante
Que anda de pé no chão
O general da caatinga
E o vigia do sertão.


Antônio Francisco Teixeira de Melo

Aflora a Liberdade - Dalinha Catunda

AFLORA A LIBERDADE
DALINHA CATUNDA

Já fui árvore nativa
Crescendo bem natural
Mas o machado da vida
Em mim fez corte brutal
Com sua poda inclemente
Quis me fazer diferente
Mas teimei em ser igual.

Por ter raízes profundas
Presa a terra continuei
E nos troncos decepados
Ramagem nova espalhei
De cada poda aplicada
Saía revigorada
Por isso me propaguei.

Florida reflorescida
Dei fruto também semente
A parte que foi podada
Cresceu abundantemente
E na estação das flores 
Dos sonhos ouço rumores
Perfumando meu presente.



terça-feira, 29 de setembro de 2015

Versos Nordestinos

Dirceu Rabelo
O BEIJO

O beijo que outras me deram
Não me valeram metade
Do beijo que não me deste.
Num beijo teu
Eu ergueria um mundo
E ele te custaria apenas
A efemeridade de um segundo....



Onildo Barbosa
Quando o dia vai embora
A tarde é quem sente a queixa
O portão da noite abre
A porta do dia fecha
A boca da noite engole
Os restos que o dia deixa.



João Paraibano
Terreno ruim não dá fruto,
Por mais que a gente cultive,
No seu céu eu nunca fui,
Sua estrela eu nunca tive,
Que o espinho não se hospeda,
Na mansão que a rosa vive.



Rogério Menezes
Quando a mulher é jogada
Na mais detestável lama,
Recebendo humilhações
Da pessoa que mais ama,
A Terra bebe chorando
As lágrimas que ela derrama....



João Paraibano
Vi o fantasma da seca
Ser transportado numa rede
Vi o açude secando
Com três rachões na parede
E as abelhas no velório
Da flor que morreu de sede.
...


João Paraibano
Coruja dá gargalhada
Na casa que não tem dono
A borboleta azulada 
Da cor de um papel carbono
Faz ventilador das asas
Pra rosa pegar no sono....



João Paraibano
A juventude não dá 
Direito a segunda via
Jesus pintou meus cabelos
No final da boemia
Mas na hora de pintar
Esqueceu de perguntar
Qual era a cor que eu queria

Toda a noite quando deito
Um pesadelo me abraça
Meu cabelo que era preto
Está da cor de fumaça
Ficou branco após os trinta
Eu não quis gastar com tinta
O tempo pintou de graça



João Paraibano
Faço da minha esperança 
Arma pra sobreviver
Até desengano eu planto
Pensando que vai nascer
E rego com as próprias lágrimas
Pra ilusão não morrer



terça-feira, 22 de setembro de 2015

Dois Rios - Samuel Rosa - Lô Borges - Nando Reis

Dois Rios
Skank



O céu está no chão
O céu não cai do alto
É o claro, é a escuridão

O céu que toca o chão
E o céu que vai no alto
Dois lados deram as mãos

Como eu fiz também
Só pra poder conhecer
O que a voz da vida vem dizer


Que os braços sentem
E os olhos veem
Que os lábios sejam
Dois rios inteiros
Sem direção

O sol é o pé e a mão
O sol é a mãe e o pai
Dissolve a escuridão

O sol se põe, se vai
E após se pôr
O sol renasce no Japão

Eu vi também
Só pra poder entender
Na voz a vida ouvi dizer

Que os braços sentem
E os olhos veem
E os lábios beijam
Dois rios inteiros
Sem direção

E o meu lugar é esse
Ao lado seu, meu corpo inteiro
Dou o meu lugar, pois o seu lugar
É o meu amor primeiro
O dia e a noite, as quatro estações

Que os braços sentem
E os olhos veem
E os lábios sejam
Dois rios inteiros
Sem direção

O céu está no chão
O céu não cai do alto
É o claro, é a escuridão

O céu que toca o chão
E o céu que vai no alto
Dois lados deram as mãos

Como eu fiz também
Só pra poder conhecer
Tudo que a voz da vida vem dizer

Que os braços sentem
E os olhos veem
E os lábios beijam
Dois rios inteiros
Sem direção

E o meu lugar é esse
Ao lado seu, no corpo inteiro
Dou o meu lugar, pois o seu lugar
É o meu amor primeiro
O dia e a noite, as quatro estações

Que os braços sentem
E os olhos veem
Que os lábios sejam
Dois rios inteiros
Sem direção

Que os braços sentem
E os olhos veem
E os lábios beijam
Dois rios inteiros
Sem direção

Filme "Idiocracia" (breve resumo) - Assista e conclua - Maria da Paz


Resenha do filme: "Idiocracia - O mundo governado por idiotas"



Joe é um rapaz que entra no exército e Rita,  uma prostituta, que não tem família e os parentes são distantes, são escolhidos para  servirem de cobaias em uma experiencia secreta do exercito.
O início de tudo é no ano de 2005. 
O casal foi congelado. A duração do experimento era de um ano, mas, ocorreu uma falha e eles ficaram congelados por 500 anos. Sem cobranças de parentes e tudo ficou muito secreto mesmo.
Em 2505, eles despertam do congelamento e descobrem que estão a 500 anos através de um jornal (data)
O cenário é de degradação, sujeira e desprezível. O planeta tinha se tornado quase inabitável.
Joe não tinha identificação da época (Tatuagem) e acaba sendo preso, mas percebe que é mais esperto do que aquelas pessoas e escapa, vai procurar Rita que até então, ele supõe que é uma artista plásticas. As pessoas daquela época são completamente tomados pela tecnologia, que os deixou  sem interesse e sem expectativa de vida.
Com os testes que Joe fez na prisão, eles perceberam que Joe tinha o Q.I, elevado.
Uma certa Empresa vende um isotônico que substitui a água para tudo. Até para irrigar a plantação que não resiste e não se desenvolve. 




Joe é levado ao Presidente, que dará um cargo de secretário a Joe e dar a oportunidade de perdão se ele conseguir resolver os problemas mais graves. Ele, porém, quer voltar no tempo, mas, é obrigado a fazer algo pela sua sobrevivência e  de Rita. Ele percebe que as plantação é irrigada com o tal produto e muda para água. Com o desgaste do solo, há uma demora n nascimento das plantações e ele vai para o sacrifício, mas Rita tem uma ideia ao ver que as plantas brotaram e salva Joe.

Basicamente o filme que mostrar que a tecnologia que devia deixar o povo inteligente, fez um trabalho contrário. Sem dedicação a leitura, a profissionalização, a cultura  e a educação de uma forma geral.
O comodismo que atrofia a inteligencia humana está  sendo mostrada a todo tempo.
Os homens de 2505 são verdadeiros idiotas.
Joe se torna presidente daqueles idiotas e no discurso de posse, ele se apresenta disposto a mudar aquele quadro de alienismo.
Título do filme :Idiocracia - O mundo governado por idiotas.
Data de lançamento : 1 de setembro de 2006

Desmatamento, falta de interesse de autoridades com a preservação da cultura, flata de interesse dos jovens pela escolarização (educação), poluição das nossas águas, uso exagerado de industrializados, uso de tecnologia comodista, ... 
Assista. Afinal, não posso nem devo contar o filme inteiro. É um breve resumo
  

sábado, 12 de setembro de 2015

Cícera nasceu - Maria da Paz

Era tarde. Tudo parecia parado.
O vento não vinha. Estava nublado
mas, a chuva também não veio
Eu disse parecia parado,
mas dentro da casa, um fogo acesso,
uma panela de água fervia.
Minha mãe no quarto gritava baixo
 Minha avó era ligeira,
ia no quarto, voltava pra cozinha
repetidas vezes.
Deu-me uma ordem:
Fique na Janela, olhando pra lá,
Vai chegar um homem aqui e ele
virá de lá e apontou pra uma estradinha
 no fundo da casa.
Continuou dizendo: O nome dele
é cabelo Duro, assim que ele apontar
saia pra me avisar.
Eu fiquei na janela por longas horas,
mas ouvia a inquietude de todos.
-Antonio! Atice o fogo!, dizia minha avó
De onde estava, via o vai e vem
Uma bacia branca de ágda,
uma tesoura velha quase que enferrujada,
uma toalha branca, lençóis  e um líquido
em uma garrafa, provavelmente,
uma pinga das boas. Mais não tenho certeza.
Meu pai estava nervoso e circulava dentro da casa.
Meu avô, resolveu ficar quieto em um canto do terreiro
Depois cortou lenha.
Eu esperava o tal homem,
como se espera um príncipe encantado
Mas, ele não veio, nem vinha, né?
Eu sabia o que estava acontecendo
Acho que sabia...
-Antonio! Ajuda aqui, homem!
Mas, a inquietude dele era grande ele ia, vinha.ia
Faça força, dizia ela de vez em quando
Tentei falar com ela, mas, a resposta foi:
- O homem já vem?
- Não!
- Então, volte pra lá, fique pastorando, viu!?
Voltei e alguns minutos depois,
ouvi o choro de bebê
-Nasceu!
-Nasceu, Antonio.
Estava laçada. Por isso demorou,
Criança que nasce laçada tem que
receber nome de Santo, viu!?
Meu vô, veio ligeiro e agradeceu a Deus.
Nesse ponto, perguntei:
- Se o homem não veio, posso sair do quarto?
Pode.  Disse minha avó,
- Ele veio! O homem veio pela porta da sala.
Sua irmanzinha chegou, viu!?
Passando pela cozinha com  panos brancos
enrolados, mas, que deu pra ver manchas de sangue
Perguntei: E esse sangue?
- De galinha. Vamos preparar um pirão de galinha.
Fiquei contente, pois, adoro até hoje, pirão de galinha.
Ela disse ainda: Vou banhar sua irmã, aí você vai ver ela.
Minha mãe me chamou, estava visivelmente suada e cansada
E disse: Sua irmã se chamará Cicera, como seu avô é Cicero.
Elá será Cicera. Como Cicero Romão.
Como Pradim Ciço Romão, acrescentou meu pai.
Foi uma semana inesquecível.
Pirão de galinha e arroz de leite.
As pessoas vinham visitar e tomar o mijo da menina.
Dorinha e Zé Flor veio visitar e
ficaram sabendo que iam ser os padrinhos
Seu Zé Flor ficou contente com a novidade.
Minha prima Lulú que também
estava na casa no dia do nascimento
e que por alguma razão não lembro
se ela ficou no quarto com minha avó
ou se ficou na sala.
Mas, o importante é que ela também estava contente.
Pois também foi informada
que seria a madrinha de vela.
Toda tarde minha mãe banhava minha irmã
e enrolava em panos brancos
bordados e eu sentava no batente da cozinha
para segurá-la por alguns minutos.



Minha avó era parteira na região onde morávamos
Regina Tereza da Guia
Mãe Véia ou MãeÔta (manhota)
(Mãe  outra) - Avó é a outra mãe.
Sinha Regina ou Dona Regina
Madrinha Regina


quarta-feira, 2 de setembro de 2015

PORTEIRA DO DESTINO - JOEDILSON BARROS

PORTEIRA DO DESTINO - JOEDILSON BARROS


NA PORTEIRA DO DESTINO
LEMBRO TODO O MEU PASSADO
DE QUANDO EU ERA VAQUEIRO E TRABALHAVA COM GADO

NA CASA QUE EU MORAVA NEM A MADEIRA SOBROU
AS PORTAS APODRECERAM
VEIO O CUPIM, DEVOROU
ALI SÓ MORA A SAUDADE
FOI O QUE ME RESTOU


COMO EU POSSO ESQUECER O MEU CAVALO LIGEIRO
MEU CACHORRO PERDIGUEIRO
QUE TANTO ME AJUDOU
DOS BOIS, O CARRO E A CANGA
SÓ A SAUDADE FICOU

LEMBRO MEU CHAPÉU DE COURO
MINHA PERNEIRA E GIBÃO
MEU PAR DE ESPORA AMOLADO
A BAINHA E O FACÃO
ASSIM ERA MINHA VIDA
DE VAQUEIRO NO SERTÃO

LEMBRO CURRAIS E CANCELA
AÇUDE E O BEBEDOURO
DOS BOIS, O CARRO E A CANGA
SÓ A SAUDADE FICOU
DOS BOIS, O CARRO E A CANGA
SÓ A SAUDADE FICOU