Dia do Nordestino - 08 de Novembro

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Embranhando -me por esse RN belíssimo









A lição de Amanda Gurgel

A Lição da Professora Amanda

Por Nando Poeta e Varneci Nascimento


Uma professora fez
Um chamamento ao Brasil.
Pra cuidar da educação
Que está como um barril
De pólvora para explodir
Da maneira mais ardil.


Do púlpito da Assembleia
Silencia deputado,
Secretária e Promotora
Num discurso inusitado
E responsabilizou
A cúpula do seu Estado.


Lá da esquina do mundo
No Rio Grande do Norte.
Uma voz suavemente
Com o seu sotaque forte
Trouxe aos educadores
A luta como suporte.


Encanta toda a nação
Com o seu depoimento.
Revelando ao país
A falta de tratamento
Para com o nosso ensino
Que vive no sofrimento.


Amanda Gurgel lançou
No país uma semente:
Que a luta pelo ensino
Esteja sempre à frente
E que todo(a) professor(a)
Não desista e sempre tente.


A lição de resistência
Dentro daquela assembleia.
Propagou por todo canto
A força de uma ideia
Que a nossa educação
Vive uma triste epopeia.


Seu discurso pontuou
Sobre o papel do ensino.
Abrindo um forte debate
Pra descascar o pepino
Do caos da educação
Tratada com desatino.


O retrato do ensino
No sistema brasileiro.
Revela a destruição
Do sistema bandoleiro.
Das políticas de governos
Que se vão pelo bueiro.


No vídeo foi contundente
Trouxe a tona uma verdade
Que a precarização
Tornou-se realidade.
Seu recado foi aceito
Por toda a sociedade.


Um fenômeno na internet
E nas redes sociais
Obrigando a toda mídia
A divulgar nos jornais
Televisado e escrito
Que ficarão nos anais.


Professores, pais, alunos
Na sua sabedoria
Logo deram o seu apoio
Ao discurso que viria
Se tornar uma força viva
Pra toda categoria.


As suas palavras firmes
Ecoaram pelo mundo.
Todos enxergaram nela
Um conteúdo profundo.
Por isso que propagou-se
Como pólvora, num segundo.


Amanda mira no alvo
E diz com todo respeito:
— Secretária a senhora
No depoimento feito
Diz que governo não pode
Atender nosso direito.


O sonho de educar
Sempre foi parte da vida.
Mas hoje a realidade
Abre uma grande ferida.
Professores(as) maltratados
Sem salário e sem guarida.


O discurso de Amanda
Causou frisson e magia
Por isso que resolvemos
Embelezá-lo, eu diria,
Colocando o já poética
Nos moldes da poesia.


Diante de cada fala,
Neste púlpito, explicitada
Eu organizei a minha
Pois estou angustiada,
De ver nossa educação
Sendo muito maltratada.


Frente a tanto número exposto
Irei dizer um ameno,
Que contém três algarismos
Singelos nesse terreno:
É um nove, um três, um zero,
Meu salário tão pequeno...


Este que é diferente
Dos muitos aqui citados
Dá porque vos pergunto:
Nobilíssimos deputados:
Os senhores viveriam,
Com nossos ganhos minguados?


Causaria constrangimento
Esta cifra tão precária
Por certo para os senhores,
Isso é só uma diária
Que não daria se quer
Para a sua indumentária.


Por isso que minha fala
Partirá dessas questões,
Pedindo que vocês vejam
As imensas aflições,
Do professor que trabalha
E pega três conduções.


Só quem é professor sabe
O sacrifício que faz
Para chegar ao trabalho
Ganhar pouco e não ter paz
Quem fala sem viver isso,
Só máscara ainda mais.


Nesse Estado nem em outros,
Seja no campo ou cidade
A nossa educação
Foi tratada de verdade
E nenhum governo fez
Dela uma prioridade.


A fala da maioria
E de Betânia Ramalho
Quer mascarar um problema
Que se arrasta e é falho,
Vivem da educação
Mas não querem ter trabalho.


Pedindo pra não falar
Da situação precária
É querer banalizar
E tratá-la feito pária
Deixada sempre de lado
De forma desnecessária.


Educação requer trato
O mais fino e mais gentil
Professor não pode ser
Tratado de forma hostil
Querendo que com um giz
Salve o imenso Brasil...


Com salas superlotadas
Sufocando a professora
Inviabilizando a aula
Matando uma educadora
E dessa forma me pedem
Que eu seja a redentora?


A secretária falou:
“Não seja imediatista;
Como assim minha senhora,
Nos aponte uma outra pista,
Se não comer não dou aula
E a morte se tem em vista...


Jessica tem necessidade
De uma ótima educação
Como eu também preciso
De uma boa condição,
Para fazer meu papel
Sem nenhuma aflição.


É interessante também
Que mudem a vossa fala
Dizendo que a qualidade
É grande e não se abala
Quando existe professor
Dentro da sala de aula.


Não teremos qualidade
Enquanto houver professor
Trabalhando nos três turnos
Doente, sentindo dor,
Sem tempo para estudar
E exercer seu labor.


Trabalhar de dia à noite
Se vai por necessidade
Para se ter o sustento
Não é uma vaidade
Querer ser valorizado
É a nossa qualidade.


Não pensem que é pra comprar
Alguma bolsa de marca
Mas pra se locomover
E se evitar a fuzarca
De atrasar pro trabalho,
Com a condição tão parca.


E se acaso andar de carro
Posso afirmar, isto é crível,
Não andará todo dia
Com o que ganha é impossível
Porque não tem condições
De bancar o combustível.


É essa a realidade
Que precisa ter um breque
Aprumar a educação
Mais solta de que um leque
Por isso não me envergonho
De mostrar meu contra cheque.


Mostro para professor
Aluno, pai e freguês
Sem nenhum constrangimento
Pois este por sua vez
Quem deve ter, certamente,
Lamento, mas são vocês.


Secretária me desculpe
Mas é grande a ingerência
E não vá mais a tevê
Pedir com toda eloquência
Para quem é professor,
Um pouco de paciência...


Paciência nós pedimos
E objetivo bem feito,
Com meta a ser alcançada
Que o Estado dê um jeito
E com a categoria
Betânia tenha respeito.


Porque não dá para gente
Voltar desmoralizado
Já chega de humilhação
O professor tá cansado
De nunca ser promovido
E de ser achincalhado.


Voltar pra sala de aula
Só com os vinte reais
De aumento de salário
É tão pouco, que é demais
Um governo pensar nisso
Mostra do que é capaz...


Pedimos maior respeito
Porque está impossível,
Quereremos negociar,
Porém não é flexível
Um governo que não quer
É quase inadmissível.


O caos que sempre apresentam
No rádio e televisão
Não é por causa da greve
Porque a destruição
Educacional já vem
De anos que longe vão.


Se a coisa tivesse boa
A greve ninguém faria
Mas como está tão ruim
A nossa categoria
Chega quase cem por cento
Parada no dia a dia.


Quanto a vocês deputados
Ouçam mais os professores
Vão as nossas assembleias
Rever os nossos valores
Não fiquem trancafiados
Como tem feito os senhores.


Ao Ministério Público
Peço respeito e cuidado
Fiscalizar tudo bem,
Mas aqui deixo um recado
Não proíba um professor
Comer tendo trabalhado.


Além de ganharmos pouco
O que já é importuno,
Na merenda, o professor,
Se tocar vira gatuno,
Porque a promotoria
Diz que ela é do aluno.


Esse cuscuz alegado
Eu afirmo ao promotor
Que nós não temos recursos
Por isso peço ao senhor
Não alegue mais comida
Para um trabalhador.


Os nossos salários parcos
Não nos permite comprar
Alimento todo dia
Pra fora do nosso lar
Pois se assim eu fizer
Em casa pode faltar.


São muitos colegas que
Comem um cuscuz alegado
Eu agradeço e termino
Este singelo recado,
Respeitem a educação
E a todos muito obrigado.


Do PIB são dez por cento
Para um justo investimento
Que entidades de luta
Façam logo o movimento.
Exigindo dos governos
O seu pleno cumprimento.


Foi esse o discurso que
A professora sem giz
Deu uma aula bonita,
Na fala foi tão feliz
E que causou comoção
Em todo o nosso país.

domingo, 12 de junho de 2011

Em Macaiba, avó vende carro de mão para manter neta na Escola - Maria da Paz

Em Macaíba, avó vende carro de mão para manter neta na Escola


Enquanto o impasse entre a Secretaria do Estado do Rio Grande do Norte e a Empresa de ônibus que conduz os alunos às Escolas não se resolve, uma avó desesperada tomou uma atitude nada esperada; colocou seu único carro de mão, diga-se de passagem, seu instrumento de auxílio em suas atividades diárias, a venda.
A mais de trinta dias, os ônibus pararam de circular, segundo uns, por falta de pagamento a empresa e subsequente aos motoristas e pela falta da homologação do Contrato entre as partes. Com isso, os alunos estão sendo, mais uma vez, prejudicados. Em algumas Escolas o Primeiro Bimestre ainda não foi concluído, e o segundo bimestre se encerra no dia 23 de Junho. Como se não bastasse, há um outro impasse entre a GOVERNADORA e os educadores que foram enganados por dezenas de vezes em lutas por melhores salários e melhores condições de trabalho e devem voltarem apenas quando obtiverem exito na luta.
E nos perguntamos: O que estão fazendo as pessoas que administram pelo povo? Qual o valor de nossas  assinaturas no dia da Eleição, dando aval para que elas tomem as providências cabíveis nas resoluções dos nossos problemas?  Sabemos que 90% da classe dos trabalhadores em educação estão no movimento de greve, justíssima por sinal. A Saúde anda caíndo das pernas, A segurança do RN é uma verdadeira insegurança, trabalho para os jovens é uma verdadeira farça: os empresários recebem do governo um incentivo para dar o primeiro emprego, empregos esses, que ao final do terceiro mês o empregado é dispensado.
Bom! vamos voltar a questão principal - A sábia avó que se viu diante de uma situação de extremo desejo de ver sua neta frequentando as aulas. A passagem da localidade em que residem até Macaíba, custa R$ 2,80 só de ida e como seu carrinho de mão não era de ouro, o dinheiro acabou e a situação não foi resolvida. Agora me digam: é justo? Essa  avó não tomou uma atitude louca não. Ela apenas  sabe que, o conhecimento é a riqueza maior de um indivíduo, a Educação - primordial na vida da sua netinha. O Rio Grande do Norte está as traças. E o que temos a dizer: Admiração - pela atitude de uma mulher simples da zona rural; Indignação - pela falta de compromisso dos nossos representantes e respeito a todos que lutam com unhas e dentes por uma sociedade justa e igual para todos, mas, como isso não é possível, que se amenizem esses estados de calamidade.

Eu sou Maria da Paz, Vice diretora da Escola Estadual "Henrique Castriciano de Souza", o que acabei de escrever não é história da Carochinha. Isso é real. Não citei nomes para evitar constrangimentos maiores do que um jovem ficar sem receber Conhecimentos.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Flor de Cajueiro - Onildo Barbosa

Flor de Cajueiro

Composição: Onildo Barbosa

Quando a lua branquinha se mistura
Com o sorriso matuto da menina
Traz o vento ,o aroma da campina
Dando a mata acanhada, a formozura
Quando a núvem cinzenta, meio escura
Cobre o rosto da lua, o mundo inteiro
Silencia e sorrir sentindo o cheiro,
Da rezina rozada romã,
Deus do céu abre as conchas da manhã
Com perfume de flor de cajueiro.

O lençol do espaço muda a cor
Uma estrela passeia em grande estilo
A orquídia acomula em seu pistilo
Todo néctar que tem, pro beija flor
O pequeno azulão, feito um tenor,
Diz que é, da floresta, o seresteiro,
Saltitante por entre o nevoeiro
Feito um príncipe a procura de uma fada,
Vai rompendo o frescor da madrugada,
No perfume da flor do cajueiro.


Quando dá 5 horas da manhã
O perfume da flor do cafesãl
Pinhão rõxo, alecrim e laranjal,
Da um clima de paz, do alto à chã
Coleirinha, tisiu, guriatã,
Se agazalham no velho juazeiro,
O fiel jataí chega primeiro
Pousa leve na onta de uma folha
E depois de posar faz a escolha
De partículas de flor de juazeiro.


Boticário, poético colibrí,
Mostra toda ciência de um mago
Quando beija uma flor dando um afago
Desabrocha um pequeno maturí,
Com um manto amarelo o bem-te-ví
Aparece na copa do coqueiro,
Parecendo um profeta verdadeiro
Fecha as asas na ponta de um galho
Bebe a última gotinha de orvalho
Numa pétala da lfor do cajueiro.


Quando o vento do novo entardecer
Tras da relva o perfme de alfazema
O xexéu ,acalenta com um poema,
Um filhote que acaba de nascer
Quando a mãe vai buscar o que comer,
Fica o pai ,vigilante alvissareiro,
Ajeitando no ninho, o travesseiro,
Onde o filho adormece na penúgem,
Com pedaços de folhas de babúgem,
E essência de flor de cajueiro.


Baraúnas, frondosos coqueirias
Dão um tempo no colo da aurora
Num encontro da fáuna com a flora
Numa orquestra de lindos sabiás
Buritís, goiaibeiras, araçás
Cada um representa o próprio cheiro
Mas da selva o espírito aventureiro
Segue um mito, e conduz a sua saga
Bebe a fonte, adormece e se embriaga
No perfume da flor do cajueiro.

Nos cabelos da moça campenzina
Na espuma da água do riacho
Na ramagem que brota flor de cacho
No orvalho da hora matutina
Na babúgem de folha crespa e fina
Na fumaça que sobe do boeiro,
Nas costuras da roupa do vaqueiro
No chapéu do cabôclo agricultor
No alforge do velho caçador
Tem perfume de flor de cajueiro.