Dia do Nordestino - 08 de Novembro

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Bolo Light fácil é rápido

Nesse período de festas juninas, costumamos exagerar
nas comidas típicas e o resultado são quilos e mais quilos por isso
faça um bolo light fácil e rápido.Com ingredientes de fácil acesso
e de sua preferencia

Rendimento: cerca de 10 fatias
Ingredientes
• 1 maçã com casca ou abacaxi
• 4 bananas prata e frutas cristalizadas
• 6 claras e 2 gemas
• 1 xícara (de chá) de aveia em flocos finos
• 1 colher (de sopa) de linhaça dourada
• 1 colher (de sopa) de farinha de amêndoas
• 1 colher (de chá) de fermento
• 100 ml de leite de coco
•  3 colheres de passas secas
• Canela a gosto

Modo de preparo
• Misturar tudo, exceto as frutas frutas cristalizadas e as passas secas bater no liquidificador, colocar na forma e levar ao forno por 40 minutos
• Se quiser cobertura, pode acrescentar pasta de amendoim caseira

domingo, 14 de junho de 2015

DEDÉ MONTEIRO – FIM DE FEIRA - ILUSTRAÇÃO: FEIRA DE MACAÍBA

* * *
 DEDÉ MONTEIRO – Fim de feira
o lixo atapeta o chão
um caminhão se balança
quem vem de fora se lança
em cima do caminhão
um ébrio esmurra o balcão
no botequim da esquina
o gari faz a faxina
um cego ensaca a sanfona
e um vendedor dobra a lona
depois que a feira termina.
 miçanga, fruta, verdura,
milho feijão e farinha,
bode, suíno, galinha,
miudeza, rapadura.
é esta a imagem pura
de uma feira nordestina
que começa pequenina,
dez horas não cabe o povo.
e só diminui de novo
depois que a feira termina


na matriz que nunca fecha
muito apressado entra alguém
mas sai vexado também
se não o carro lhe deixa
o padre gordo se queixa
do calor que lhe domina
e agita tanto a batina
quem que vê fica com pena
toca o sino pra novena
depois que a feira termina.



a filhinha do mendigo
sentada a seus pés, num beco,
comendo um pão doce seco
diz: papai, coma comigo.
e o velho pensa consigo
meu deus, mudai sua sina
pra que minha pequenina
não sofra o que eu sofro agora
ria a filha, o velho chora
depois que a feira termina.


um pedinte se levanta
da beira de uma calçada
chupando uma manga espada
pra servir de almoço e janta
um boi de carro se espanta
se o motorista buzina
um velho fecha a cantina
um cachorro arrasta um osso
e o pobre “assavessa” o bolso
depois que a feira termina


um camponês se engana
chega atrasado na feira
não compra mais macaxeira,
nem batata, nem banana
empurra a cara na cana
pra esquecer a ruína,
arroz, feijão, margarina,
açúcar, óleo, salada,
regressa e não leva nada
depois que a feira termina


no açougue da cidade
das cinco e meia em diante
não tem um pé de marchante
mas mosca tem com vontade
um faxineiro abre a grade
tira uma mangueira fina
rodo, pano, creolina,
deixa tudo uma beleza
mas só começa a limpeza
depois que a feira termina



e o dono da miudeza
já tendo fechado a mala
escuta o rapaz que fala
do outro lado da mesa:
– meu senhor, por gentileza,
o senhor tem brilhantina?
ele diz com voz ferina:
– aqui na mala ainda tem
mas eu não vendo a ninguém
depois que a feira termina

um jumento estropiado,
magro que só a desgraça,
quando vê que a feira passa
vai pra frente do mercado
o endereço ao danado
eu não sei quem diabo ensina
eu só sei que baixa a crina
entre as cinco e as cinco e meia
lancha, almoço, janta e ceia
depois que a feira termina.


Foto da Feira Livre de Macaíba
Fotos colhidas no Grupo "Macaíba da Gente

Será que o Natal é no mês de Junho? Autoria: Maria da Paz


6 min ·
Será que o Natal é no mês de Junho?
Autoria: Maria da Paz
E se de repente o natal mudasse para o mês de junho?
Já pensou na ceia? canjica, pamonha, milho verde, bolo de milho, Mungunzá, arroz doce quindim, maria mole...Ao invés de champanhe, beberíamos um saboroso aluá de milho ou talvez um quentão de vinho com maçã .
E as árvores de Natal, com seus belos piscas, seriam trocadas por grandes fogueiras?
Será que o Papai Noel iria trocar suas vestes vermelhas por camisas quadriculadas?
E os enfeites natalinos: será que deixariam de ser estrelinhas, sininhos, anjinhos...? e passariam a ser milhinhos, bandeirinhas, balõezinhos...? E o cartões de Natal???. Escutaríamos Jingol bell em ritmo de forró e a meia noite para animar o nascimento de Cristo, haveria uma tradicional quadrilha. Seria um arraiá pra ninguém botar defeito. Ei... se esses caras pesquisarem mais um pouco., Vão certificar e atestar que Jesus é brasileiro e nasceu no Nordeste.
Maria da Paz
Macaíba(RN), Dezembro de 2008
Matéria de Jornal Local
Astrônomo diz que Jesus pode ter nascido em junho (09/12/2008 - 10:01)
Uma pesquisa realizada por um astrônomo australiano sugere que Jesus Cristo teria nascido no dia 17 de junho e não em 25 de dezembro. De acordo com Dave Reneke, a "estrela de Natal" que, segundo a Bíblia, teria guiado os Reis Magos até a Manjedoura, em Belém, não apenas teria aparecido no céu seis meses mais cedo, como também dois anos antes do que se pensava.
Estudos anteriores já haviam levantado a hipótese de que o nascimento teria ocorrido entre os anos 3 a.C e 1 d.C.
O astrônomo explica que a conclusão é fruto do mapeamento dos corpos celestes da época em que Jesus nasceu. O rastreamento foi possível a partir de um software que permite rever o posicionamento de estrelas e planetas há milhares de anos.
Baseando-se no Evangelho de Mateus, que descreve a aparição de uma "estrela" como sinal do nascimento de Jesus, Reneke identificou a conjunção dos planetas Vênus e Júpiter, que teriam emitido uma forte luz que poderia ter sido confundida com uma estrela.
"Vênus e Júpiter chegaram muito perto no ano 2 a.C., refletindo muita luz. Não podemos dizer com certeza que esta era a estrela de Natal descrita na Bíblia, mas até agora esta é a explicação mais plausível que já vi sobre isso", disse Reneke à BBC Brasil.
"A astronomia é uma ciência tão precisa, que podemos apontar exatamente onde os planetas estavam. E há uma grande probabilidade de que esta conjunção possa ser a estrela descrita por Mateus no Evangelho."
O australiano diz que a pesquisa não é uma tentativa de contestar a religião.
"Quando misturamos ciência e religião há a sempre a chance de chatear as pessoas. Neste caso, esses resultados podem servir para reforçar a fé, porque mostram que realmente havia um grande objeto brilhante no céu no momento certo."
Fonte: G1
RECEITA ANTIGA DO ALUÁ DE MILHO  
INGREDIENTES

Dois litros de milho vermelho seco
18 litros de água
5 rapaduras de um 1 kg cada uma
Suco de 10 limões, ou o equivalente em laranjas
Uma raiz de gengibre partida e amassada
Jarra ou pote de barro já usado que caiba tudo

MODO DE FAZER

Escolha, lave o milho e leve ao sol, para secar. Bote uma caçarola sem gordura ao fogo, coloque o milho e mexa para tostar tudo por igual. Retire do fogo e deixe esfriar. Triture grosseiramente o milho em um pilão. Ponha água no pote junte o milho já frio e o gengibre. Tampe bem a jarra e deixe em infusão durante uma semana. Todos os dias dê uma mexida e, logo em seguida, tampe o pote. No dia de servir, raspe ou corte as rapaduras e adoce a bebida. Mexa bem até dissolver toda rapadura. Coe, em um coador de pano e depois adicione o suco das frutas. Caso prefira mais doce coloque um pouco mais se açúcar mascavo.

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Jessier Quirino - Maria Pano de Chão


Vou dizer como é que eu era
Antes de ser de maria:
Era um cabra corajoso
Precipitoso e ferino
Desses que só bate pino
Prá Deus pai, prá Deus menino
Pros assuntos do divino
E pro time de Jesus.
Parente de grau chegado
Do capitão virgulino
Resolvedor de pepino
De pontaria aguçada…
E nessa vida aloprada
Vez por outra eu chumbregava
Beijava, cafunezava
Mas não sentia paixão.
Não falava voz de seda
Eu era coisura azeda…
Pensamento de limão.
Mas um dia, meu cumpadre,
Relaxei a prontidão
E num piscar de relâmpo
Que nem um par de tamanco
Tava preso num cordão.
Era o cordão de maria
Caçula de seu bastim
Se rindo, se aprochegando
E os dentinhos mordiscando
Um pendãozim de capim.
O manhoso da danada
Era chave de prisão.
Com um balde, um rodo e um sabão
E aquela saia azulzinha
Assoalhando a cozinha
Surfando em pano de chão.
Aquilo não é serviço
Aquilo é mais um balé!
Panim de chão bem pisado
E os passinho pinicado
Perguntando: Tu me quer?
Eu confesso, meu cumpadre
Que´u que nunca fui pisado
Desejei ser espremido
Aberto e no chão botado
Banhado d´água e sabão
Desejei ser pisunhado
Pelos pezim da bondade
Desejei ser, na verdade,
Aquele panim de chão.
Juro perante o divino
Que, na hora e nesse dia
Bem dizer uma oração
Eu debrulhei prá maria:
Maria do andar azul
Maria ingrediente dengoso
Maria de saia acambraiada
Maria bordada
Maria aprendida sem pecado
Maria croqui da imaculada perfeição
Maria assassina da tristeza
Maria do colo quente
Maria cantina de suflê
Maria rosê
Maria isenta de partículas de feiúra
Maria doçura
Maria pressagiozinho calmoso
Maria que cutuca meu peito incutucável
Maria amorável
Maria água e sabão
Maria pano de chão
Maria belisca-flor
Maria mãe do frescor
Maria chuva dourada
Maria romanceada
Maria adubo do amor
Não faça eu diser: Amor
Meu amor

segunda-feira, 8 de junho de 2015

19ª Parada Gay de São Paulo cobra respeito e igualdade. Respeito. Tá difícil, viu!?


07/06/2015

19ª Parada Gay de São Paulo cobra respeito e igualdade




É O FIM. 
OU SÓ O COMEÇO DO FIM
. OU SERÁ O FIM DO FIM?
 NÃO SEI. 
SÓ SEI QUE DEUS É COMEÇO, MEIO E FIM. 
QUEM QUISER PEDIR PERDÃO, AINDA DÁ TEMPO.




Antes mesmo da saída dos trios elétricos, a Avenida Paulista já estava tomada na manhã de hoje (7) pelo público da 19ª Parada do Orgulho LGBT - lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais. Sob o tema Eu Nasci Assim, Eu Cresci Assim, Vou Ser Sempre Assim: Respeitem-Me!, o evento reúne pessoas de diversos perfis e idades nas ruas da região central da capital.

Respeito. Tá difícil, viu!?

sexta-feira, 5 de junho de 2015

Clariô - Elomar Figueira Melo Auto da catingueira

Ai clariô, ai ai clariô
Purriba dos laj~edo o lua chegô
Já cá na cabicêra a função pispiô
Amiã cêdo a lua já entrô
E eu vô passá a noite intêra
Cantano clariô
E eu qui vim só
Só prá vê meu amor
Sei qui vô ficá só
Pois ela num chegô
Ai clariô, ai ai clariô


As baronesa já abriu as fulô
Nos catre e nas marqueza as figura sentô
A pé-de-bode abriu asa a cantô
Nas baxa e nas verêda
Seu canto raiô
E eu qui vim só
Só prá vê meu amô
Sei que vô fica só
Pois ela num chegô
Ai clariô, ai ai clariô
O nome científico da baronesa é Eichornia crassipes e é originária da América do norte e do sul.
Suas flores são em tons lilases e azuis. Servem tanto para a limpeza d'água quanto para ornamentação, mas não resistem ao corte para serem colocadas em vasos.
O maior problema causado por ela é a prodigiosa capacidade de reprodução, sendo preciso manter um controle adequado, caso contrário, a baronesa tende cobrir as águas obstruindo rios, lagos e represas.

Violeiro Elomar Figueira Melo

Violeiro

Elomar Figueira Melo


Vou cantá no canto di primero
as coisa lá da minha mudernage
qui mi fizero errante e violêro
Eu falo sério e num é vadiage
E pra você qui agora está mi ovino
Juro inté pelo Santo Minino
Vige Maria qui ôve o queu digo
Si fo mintira mi manda um castigo

Apois pro cantadô i violero
Só há treis coisa nesse mundo vão
Amô, furria, viola, nunca dinhero
Viola, furria, amo, dinhero não

Cantado di trovas i martelo
Di gabinete, lijêra i moirão
Ai cantado já curri o mundo intero
Já inté cantei nas portas di um castelo
Dum rei qui si chamava di Juão
Pode acriditá meu companhero
Dispois di tê cantado o dia intero
O rei mi disse fica, eu disse não

Si eu tivé di vivê obrigado
um dia i antes dêsse dia eu morro
Deus feiz os homi e os bicho tudo fôrro
já vi iscrito no livro sagrado
qui a vida nessa terra é uma passage
Cada um leva um fardo pesado
é um insinamento qui desde a mudernage
eu trago bem dentro do coração guardado

Tive muita dô di num tê nada
pensano qui êsse mundo é tudo tê
mais só dispois di pená pela istrada
beleza na pobreza é qui vim vê
vim vê na procissão do Louvado-seja
I o assombro das casa abandonada
côro di cego na porta das igreja
I o êrmo da solidão das istrada

Pispiano tudo do cumêço
eu vô mostrá como faiz um pachola
qui inforca o pescoço da viola
E revira toda moda pelo avêsso
i sem arrepará si é noite ou dia
vai longe cantá o bem da furria
sem um tostão na cuia u cantado
canta inté morrê o bem do amo.

quinta-feira, 4 de junho de 2015

Seca no Nordeste - Leandro Gomes de Barros


BIOGRAFIA 


Leandro Gomes de Barros, paraibano nascido em 19/11/1865, 

na Fazenda da Melancia, no Município de Pombal, é considerado 
o rei dos poetas populares do seu tempo. Foi educado pela família 
do Padre Vicente Xavier de Farias, (1823-1907), proprietários da 
fazenda, e dos quais era sobrinho por parte de mãe. 
Em companhia da família "adotiva" mudou-se para a Vila do 
Teixeira, que se tornaria o berço da Literatura Popular nordestina, 
onde permaneceu até os 15 anos de idade tendo 

conhecido vários cantadores e poetas ilustres.


Do Teixeira vai para Pernambuco e fixa residência 

primeiramente em Jaboatão, onde morou até 1906, 
depois em Vitória de Santo Antão e a partir de 1907 no 
Recife onde viveu de aluguel em vários endereços, 
imprimindo a maior parte de sua obra poética no próprio 
prelo ou em diversas tipografias. Vale a pena transcrever o 
aviso no final de um poema, A Cura da Quebradeira

que demonstra suas constantes mudanças e o grande tino comercial:

"Leandro Gomes de Barros, avisa que está morando 

em Areias, Recife, e que remeterá pelo correio todos 
os folhetos de suas produções que lhe sejam pedidos”.



Sua atividade poética o obriga a viajar bastante 

por aqueles sertões para divulgar e vender seus 
poemas e tal fato é comentado por seus contemporâneos,
João Martins de Ataíde e Francisco das Chagas Baptista:
...

Cordel - Seca no Nordeste


Seca as terras as folhas caem, 

morre o gado sai o povo, 
O vento varre a campina, 
Rebenta a seca de novo; 
Cinco, seis mil emigrantes 
Flagelados retirantes 
vagam mendigando o pão , 
Acabam-se os animais 
ficando limpo os currais 
Onde houve a criação.
Caminhada da Seca - Senador Pompeu


Não se vê uma folha verde 
Em todo aquele sertão 
Não há um entre aqueles 
Que mostre satisfação 
Os touros que nas fazendas 
Entravam em lutas tremendas, 
Hoje nem vão mais o campo 
É um sítio de amarguras 
Nem mais nas noites escuras 
Lampeja um só pirilampo.

Vagalume - pirilampo - caga fogo


Foi a fome negra e crua 
Nódoa preta da história 
Que trouxe-lhe o ultimatum
Foi o decreto terrível 
Que a grande pena invisível 
Com energia e ciência 
Autorizou que a fome 
Mandasse riscar meu nome 
Do livro da existência.

Ultimatum: Últimas condições. Hora da decisão
Faca de dois gumes - gládio - punhal


E a fome obedecendo 
A sentença foi cumprida 
Descarregando lhe o gládio 
Tirou -lhe de um golpe a vida 
Não olhou o seu estado 
Deixando desamparado 
Ao pé de si um filhinho, 
Dizendo já existisses 
Porque da terra saísses 
Volta ao mesmo caminho.

Miséria no Brasil


Vê-se uma mãe cadavérica 
Que já não pode falar, 
Estreitando o filho ao peito 
Sem o poder consolar 
Lança-lhe um olhar materno 
Soluça implora ao Eterno 
Invoca da Virgem o nome 
Ela débil triste e louca 
Apenas beija-lhe a boca 
E ambos morrem de fome.

Pobreza Extrema no  Piauí


Vê-se moças elegantes 
Atravessarem as ruas 
Umas com roupas em tira 
Outras até quase nuas, 
Passam tristes, envergonhadas 
Da cruel fome, obrigadas 
Em procura de socorros 
Nas portas dos potentados 
Pedem chorando os criados 
O que sobrou dos cachorros.

Contraste social


O gado urra com fome, 
Berra o bezerro enjeitado 
Tomba o carneiro por terra 
Pela fome fulminado, 
O bode procura em vão 
Só acha pedras no chão 
Põe se depois a berrar, 
A cabra em lástima completa 
O cabrito ainda penetra 
Procurando o que mamar.



Animais em plena seca do Nordeste

Grandes cavalos de selas 
De muito grande valor 
Quando passam na fazenda 
Provocam pena ao senhor 
Como é diferente agora
Causava admiração, 
Era russo hoje está preto 
Parecendo um esqueleto 
Carcomido pelo chão.





Hoje nem os pássaros cantam 
Nas horas do arrebol 
O juriti não suspira 
Depois que se põe o sol 
Tudo ali hoje é tristeza 
A própria cobra se pesa 
De tantos que ali padecem 
Os camaradas antigos 
Passam pelos seus amigos 
Fingem que não os conhecem.

Santo Deus! Quantas misérias 
Contaminam nossa terra!
No Brasil ataca a sede 
Na Europa assola a guerra 
A Europa ainda diz 
O governo do país 
Trabalha para o nosso bem 
O nosso em vez de nos dar 
Manda logo nos tomar 
O pouco que ainda se tem

Vê-se nove ,dez, num grupo 
Fazendo súplicas ao Eterno 
Crianças pedindo a Deus Senhor! 
Mandai-nos inverno, 
Vem ,oh! Grande natureza 
Examinar a fraqueza 
Da frágil humanidade 
A natureza a sorrir 
Vê-la sem vida a cair 
Responde:o tempo é debalde.


Os habitantes procuram 
O Governo Federal 
Implorando que os socorra 
Naquele terrível mal 
A criança estira a mão 
Diz senhor tem compaixão 
E ele nem dar-lhe ouvido 
É tanto a sua fraqueza 
Que morrendo de surpresa 
Não pode dar um gemido.

Alguém no Rio de Janeiro 
Deu dinheiro e remeteu 
Porém não sei o que houve 
Que cá não parece 
O dinheiro é tão sabido 
Que quis ficar escondido 
Nos cofres dos potentados 
Ignora-se esse meio 
Eu penso que ele achou feio 
Os bolsos dos flagelados.

O Governo Federal
Querendo remia o Norte
Porém cresceu o imposto
Foi mesmo que dar-lhe a morte
Um meie o facão e rola-o
O Estado aqui esfola-o
Vai tudo dessa maneira
O municípios acha os troços
Ajunta o resto dos ossos
Manda vendê-los na feira.






"E assim vive a humanidade:
 Os ricos comem a carne de primeira 
e os pobres roem os ossos" 


    ...

Foi um dos poucos poetas populares a viver unicamente de suas histórias rimadas, que foram centenas. Leandro versejou sobre todos os temas, sempre com muito senso de humor. Começou a escrever seus folhetos em 1889, conforme ele mesmo conta nesta sextilha de A Mulher Roubada, publicada no Recife em 1907:


Caboclo entroncado, de bigode espesso, alegre, bom contador de anedotas: este é o retrato que dele faz Câmara Cascudo em Vaqueiros e Cantadores. Casou-se com Venustiniana Eulália de Barros antes de 1889 e teve quatro filhos: Rachel Aleixo de Barros Lima, Erodildes (Didi), Julieta e Esaú Eloy, que seguiu a carreira militar tendo participado da Coluna Prestes e da Revolução de 1924. De Leandro só possuímos fotos de meio-busto e uma de corpo inteiro, que colocava em seus folhetos para provar a autoria de seus 


versos; de sua família, o que ficou para a história foram os folhetos assinados com caligrafia caprichada, sobretudo os de Rachel.


Na crônica intitulada Leandro, O Poeta, publicada no Jornal do Brasil em 9 de setembro de 1976, Carlos Drummond de Andrade o chamou de "Príncipe dos Poetas" e assinala:

"Não foi príncipe dos poetas do asfalto, mas foi, no julgamento do povo, rei da poesia do sertão, e do Brasil em estado puro". E diz mais: "Leandro foi o grande consolador e animador de seus compatrícios, aos quais servia sonho e sátira, passando em revista acontecimentos fabulosos e cenas do dia-a-dia, falando-lhes tanto do boi misterioso, filho da vaca feiticeira, que não era outro senão o demo, como do real e presente Antônio Silvino, êmulo de Lampião". 

Mas não foi só Drummond, nosso poeta maior, que reconheceria em Leandro a majestade dos versos. Em vida era tratado por seus colegas como o poeta do povo, o primeiro sem segundo (Athayde) e verdadeiro Catulo da Paixão cearense daqueles ásperos rincões (Gustavo Barroso).


Após o seu falecimento, em 4 de março de 1918, no Recife, o poeta e editor João Martins de Ataíde, em seu folheto A Pranteada Morte de Leandro Gomes de Barros, escreveu:


Poeta como Leandro
Inda o Brasil não criou
Por ser um dos escritores
Que mais livros registrou
Canções não se sabe quantas
Foram seiscentas e tanta
As obras que publicou.