Dia do Nordestino - 08 de Novembro

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Nessas rodagens da vida - Autora: Maria da Paz


Nessas rodagens da vida
Se acha de tudo, um pouco
Repentista abufelado
Tem cantador de viola
Tem rico pedindo esmola

Tem estudante arretado
Tem outros deseducados
Analfabeto sabido
Uns de saberes escondidos
Tem os pobres desvalidos

Tem pirangueiro, veaco
Tem cabra que puxa saco
Tem homem trabalhador
De retirante a doutor
Tem jogador, tem boleiro
dando uma de artilheiro

Tem faloreiro, extrangeiro
Ai love iou, merci bocur
Tem gente de pele limpa
Tem uns de mãos estragadas
Lavadeiras nos riachos

meninas pulando corda
E outras dando rizadas
Mulher honesta, rapariga
É sapatão, viado, velho tarado
É padre, pastor e mentor

Delegado, criminoso,
É uma misturada danada
Moça bonita, moça banguela
Papagaio tagarela,
insultado uma donzela

Tem um tal de trapiá,
uma mata bem fechada
Tem tiro de espingarda
Lubisomem, papa-figo
Ricardão e pé-de-lã

Dança de coco em Campina
Tem o frevo de Olinda
Tem forró de pe-de-serra
Virgulino, Aderaldo, Chico Santeiro
Padre ciço e Antonio Conselheiro

Tem a banda no coreto
A tuba de Chico Preto
O rio, com batata no seu leito
No fiteiro tem cigarro e confeito
Tem casamento perfeito

Asa Branca - o hino do nordestino
Tem o xote das meninas
Tem a missa dos vaqueiros
A ponte de Petrolina e Juazeiro

Nos sítios, nos grandes centros
Nos becos e ruas escuras
Nos cabarés, nas vitrines
Nas casas de belas fachadas
Tem um saco de cultura
Que precisa ser preservada.
Maria da Paz/2008

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