Dia do Nordestino - 08 de Novembro

quarta-feira, 4 de maio de 2016

Boas lembranças do Sertão Por Maria da Paz

                                                                                                     
Boas lembranças do Sertão -
Por Maria da Paz


Quando eu morava no Sertão
Eu ouvia coisas sem nexos
Mais meu pouco entendimento
Não me deixava esboçar
nem mesmo curiosidade.

Quando chegava alguma visita em nossa casa
A primeira coisa a ser oferecida era o café
Minha avó usava uma chaleira de barro para coar o café
Ela ia servindo e o último copo daquele recipiente
Ela dizia como indicação que acabara o café
- Esse é a barata.
Ora, mas,  que expressão sem nexo. A barata!

Só hoje penso que deveria ter ido a fundo para
entender o significado da expressão.

Já meu pai, tinha algumas frases engraçadas.
Quando ele não gostava de um ambiente festivo
Saia da festa calado, Já em casa eu perguntava:
- E aí, pai! A festa não estava boa?
E ele me respondia:
-Tava não! Só tinha meia duzia de quatro gatos pingados

Essa matemática de meu velho pai não batia com a nossa.
A dele era inexata.

Meu bisavô também era metido a professor de Gramática.
Mesmo sem nunca ter ido a escola, a tardinha,
ele sentava no batente da cozinha e dizia:
-Vamos aprender. Repita comigo: eu truve, você trove, ele truvera.


Isso seria conjugação do verbo trazer, gente!
Nem no gerúndio, seria tão difícil.

Frases como: Abom basta! Cuma é? Quêde? Adonde é? Espromer o limão,
São algumas expressões  de minha temporada no sertão.
Ainda bem que tem a linguística para não deixar essas lembranças nas nuvens
pensando eu, depois que aprendi um pouquinho, que tudo que lá ouvi era errado.

Quando estou com saudade dos meus entes que já partiram para a eternidade
lembro desse tempo feliz e despreocupado, onde corríamos pelos brejos,
várzeas e lajedos e quando chovia a diversão era tomar banhos nos tanques
(Piscinas naturais dos lajedos), fazer barrocas no chão e plantar girassóis

Entre Fulanos e Sicranos
Meu nome é Inácio
04 de Maio de 2016


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