A MUIÉ QUI MAIS AMEI
A namoradinha do Brasil
Espere aí, seu Dotô!
Qui eu falo sem demora
E escute nessa hora
Uma históra de amô.
Eu sempre fui sonhadô,
Mai pru isso já paguei,
Pruquê nunca imaginei
Qui adispôis de aduto
Eu fosse levá um chuto
Da muié qui mais amei.
Qui eu falo sem demora
E escute nessa hora
Uma históra de amô.
Eu sempre fui sonhadô,
Mai pru isso já paguei,
Pruquê nunca imaginei
Qui adispôis de aduto
Eu fosse levá um chuto
Da muié qui mais amei.
Viví toda a minha vida
De casa para o roçado,
Porém sempre interessado
Em tê a muié quirida
Pra torná-la a margarida
Desse jardim qui sonhei,
Inté qui um dia encrontei
Essa pessoa importante
Qui foi derna aquele instante
A muié qui mais amei.
De casa para o roçado,
Porém sempre interessado
Em tê a muié quirida
Pra torná-la a margarida
Desse jardim qui sonhei,
Inté qui um dia encrontei
Essa pessoa importante
Qui foi derna aquele instante
A muié qui mais amei.
Se chamava Mariá,
Tinha uns zói apaixonado
E coipo mais torniado
Qui móve coloniá.
Quando batí o oiá
Im riba dela, gostei,
Ligeirim me apaixonei
E ela pru eu gamô:
Daí ganhei o amô
Da muié qui mais amei.
Tinha uns zói apaixonado
E coipo mais torniado
Qui móve coloniá.
Quando batí o oiá
Im riba dela, gostei,
Ligeirim me apaixonei
E ela pru eu gamô:
Daí ganhei o amô
Da muié qui mais amei.
Cum uns três mês de namôro
Nói maiquemo o casamento,
Sentí naquele momento
Dono do maió tesôro.
Drumino im beuço de ôro
Vivia iguamente um rei,
Mas cum o tempo notei
Qui a minha felicidade
Morria na farsidade
Da muié qui mais amei.
Nói maiquemo o casamento,
Sentí naquele momento
Dono do maió tesôro.
Drumino im beuço de ôro
Vivia iguamente um rei,
Mas cum o tempo notei
Qui a minha felicidade
Morria na farsidade
Da muié qui mais amei.
Pois a minha Mariá
Cum aquela cara de anjo,
Num pudia vê maimanjo
Pela istrada passá,
Se danava a subiá
Aí eu discunfiei,
Chamei ela e recramei
Ela nem ligô pra isto,
Era iguá o Anti-Cristo
A muié qui mais amei.
Cum aquela cara de anjo,
Num pudia vê maimanjo
Pela istrada passá,
Se danava a subiá
Aí eu discunfiei,
Chamei ela e recramei
Ela nem ligô pra isto,
Era iguá o Anti-Cristo
A muié qui mais amei.
Quanto mais eu recramava
Daquelas õinda medonha,
Mais aquela sem-veigonha
Essas coisa praticava,
Eu ví qui jeito num dava,
Um cigano precurei,
Pra ele tudo contei
Quando ele leu minha mão,
Discubriu a traição
Da muié qui mais amei.
Daquelas õinda medonha,
Mais aquela sem-veigonha
Essas coisa praticava,
Eu ví qui jeito num dava,
Um cigano precurei,
Pra ele tudo contei
Quando ele leu minha mão,
Discubriu a traição
Da muié qui mais amei.
Vortei pru meu barracão
Munto tristonho pensano
E aquilo martelano
Dento do meu coração,
Pois essa tá de traição
Foi o qui mais odiei.
Chegano lá confirmei
O qui me disse o cigano:
Incrontei o pé-de-pano
Cum a muié qui mais amei.
Munto tristonho pensano
E aquilo martelano
Dento do meu coração,
Pois essa tá de traição
Foi o qui mais odiei.
Chegano lá confirmei
O qui me disse o cigano:
Incrontei o pé-de-pano
Cum a muié qui mais amei.
Meu peito quáje qui istóra
Inda pensei im matá-la,
Mai num quis gastá uma bala
Cum a cachorra, na hora,
Tive qui mandá-la imbora
Pegá a “manga-do-mêi”,
As suas rôpa joguei
Pela premêra janela,
Nunca mais vi a cadela
Da muié qui mais amei.
Inda pensei im matá-la,
Mai num quis gastá uma bala
Cum a cachorra, na hora,
Tive qui mandá-la imbora
Pegá a “manga-do-mêi”,
As suas rôpa joguei
Pela premêra janela,
Nunca mais vi a cadela
Da muié qui mais amei.
Hoje vivo disprezado,
Sem amô e sem carinho,
Mai é mió tá sozinho
Do qui má acumpanhado.
O qui dêxa eu revortado
Seu Dotô, lhe falarei:
É qui ixiste uma lei
Num sei pru quem decretada,
Qui me obriga a dá mesada
À quenga qui mais amei.
Sem amô e sem carinho,
Mai é mió tá sozinho
Do qui má acumpanhado.
O qui dêxa eu revortado
Seu Dotô, lhe falarei:
É qui ixiste uma lei
Num sei pru quem decretada,
Qui me obriga a dá mesada
À quenga qui mais amei.
Autor: Wellington Vicente
Porto Velho, 27/12/2003.
Porto Velho, 27/12/2003.
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