Os tanques, as Crianças e o Caminhão de feirantes
Maria da Paz - 23 de Setembro de 2012
Certa vês, três criancinhas tomavam banho em um lajedo de tanques, bem parecido com esse aí, quando
derrepentemente apareceu um caminhão de feirantes, um pau de arara. Uma das meninas se escondeu
atrás de um barranco de rochas e folhagens, a outra garotinha pulou dentro do
tanque e a terceira garotinha ficou chorando, cobrindo o pecado com uma quenguinha de coco.
Mas, que bobagem, elas tinham de três para quatro anos, estavam tomando
banho sem roupas em tanques que se formaram nas pedras enquanto a mãe de uma
delas lavava roupas. Não havia necessidade nenhuma da preocupação e o caminhão
de feirantes iria sim passar por lá, quero dizer na estrada a uns 100 metros de
distância.Os passageiros nem iam perceber se não fosse pela ação desesperada da
terceira garotinha.
Foi só o que a pau de ararada quis: risos, vaias e a menininha chorando.
No final deu tudo certo e a história fica para a posteridade. A segunda
menininha da história sou eu e a mãe era a minha, Vitória Duda.
Os tanques na Paraíba são muito comuns em quase todas as propriedades
tem um ou vários.
Em períodos seguidos de chuvas a água acumulada serve para todos os
fins.
Os mais profundos são protegidos com uma faxina (cerca de varas finas),
essa servirá para uso doméstico, inclusive para beber e as mais rasas são para
lavar roupas, tomar banho, para o gado,...
Esses tanques por acaso não era em nossa propriedade, pois nas nossas
terras não existiam lajedos, por ser uma área pequena.
O acúmulo de água era feito em barreiros.
Os barreiros são pequenos buracos feitos em regiões baixas por onde a
água passa.
Essas águas vêm de tudo quanto é lugar: estradas, pequenos riachos, dos terreiros, das bicas...
Quando a água atinge o ponto de sangria, está pronta para ser consumida.
Hoje em dia, sou cheia de onda, como dizem meus alunos. Mas, eu já tomei
muita água de barreiro.
A caatinga paraibana sofre muito com as secas.
Há lugares que não tem reserva de água nenhuma e os moradores pegam seus
jumentos, burros, cavalos (como queira) e saem em busca desse bem precioso, que
na maioria dos reservatórios naturais é salobra, diga-se de passagem. Alguns
caminham léguas a fio, para trazer um sua bagagem quatro ou cinco barris. Lá
literalmente é o lugar onde se mata um leão por dia.
Admirável gado novo
Zé Ramalho
Vocês que fazem parte dessa massa,
Que passa nos projetos, do futuro
É duro tanto ter que caminhar
E dar muito mais, do que receber.
E ter que demonstrar, sua coragem
A margem do que possa aparecer.
E ver que toda essa, engrenagem
Já sente a ferrugem, lhe comer.
Eh, ôô, vida de gado
Povo marcado, ê
Povo feliz
Lá fora faz um tempo confortável
A vigilância cuida do normal
Os automóveis ouvem a notícia
Os homens a publicam no jornal
E correm através da madrugada
A única velhice que chegou
Demoram-se na beira da estrada
E passam a contar o que sobrou.
Eh, ôô, vida de gado
Povo marcado, ê
Povo feliz
O povo, foge da ignorância
Apesar de viver tão perto dela
E sonham com melhores, tempos idos
Contemplam essa vida, numa cela
Esperam nova possibilidade
De verem esse mundo, se acabar
A arca de Noé, o dirigível
Não voam, nem se pode flutuar,
Não voam nem se pode flutuar,
Não voam nem se pode flutuar.
Eh, ôô, vida de gado
Povo marcado e,
Povo feliz
É a cara do Brasil sil sil siL !!!!!!!!!!!!!!!!!
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