Dia do Nordestino - 08 de Novembro

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Memórias da Moradia rural - Autora: Dapaz





Moradia rural

No oitão da minha casa
Tinha um carro de boi
que a meninada brincava
Quando ia cortar capim
Mas, também tinha uma sela
Um pedaço de cancela
Uma esteira e uma peia
Que completava o cenário
Toda tarde o povo se reunia
Para debulhar o feijão
Meu vô batia no milho
Que o sabugo soltava
Minha vó tirava os caroços
Do algodão que ela mesma fiava
A minha mãe costurando
Geralmente arremendando
No quintal um barulhinho infernal
A cachorrada correndo
Louca pra pegar os pintinhos
Já os galos e as galinhas
Também barulhavam
Defendendo suas crias
Mas a gatinha Mimosa,
Ficava toda manhosa
Esperando um carinho
Os brinquedos que existiam
Eram latas de leite ninho
Puxados por um cordão
Cinco pedrinhas redondas
Pra gente brincar de tila
Atiradeira, academia, balieira,
Pife feito de pau de carrapateira
E uma bonequinha feinha
Com os braços levantados
Com os pedaços de tira
Eu costurava as roupinhas
Da minha única nenequinha
A noite, lá vinha meu avô
Com as estórias de Trancozo
Mirabolantes façanhas
Eram princesas, rainhas
Tinha até uma fadinha
que ajudava as mocinhas
Mas, tinha fantasmas, bruchas
Malvadas que comiam menininhos
Para ficarmos calados
Ele recitava uma frase:
"Lá em cima daquela serra,
Tem uma vaca, chocalheira,
aquele que falar primeiro,
Vai comer toda porqueira.
O lanche era pipoca,
Feita em uma panela de barro,
Misturada com areia
E uns pãesinhos mofados
Que minha vó escodia,
Numa tal de camarinha.

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