Quando falo de sertão
Não falo de pobreza,
de fome ou coisa assim
Falo da simplicidade
que nem sempre a gente encontra
cá pras bandas da cidade
Falo é de natureza
de levante de manhã cedinho
ir no curral, chamar Mimosa
e voltar com o leite puro
É desmamar o bezerro
Criar cabrito, carneiro
Dizer que um cercado cheio de animais
Ouvir o canto dos pássaros sem precisar de gaiola
Sentar toda tardinha
e num banco improvisado
debaixo de uma latadinha
reunir toda a família
conversar, sorrir cantar e brincar
depois de um cansativo dia de luta
E aquela casa de taipa sem luxo
e sem muito aparato
Apenas umas redes, uma mesa e uns tamboretes
Um fogão de lenha e duas malas de roupa
Quem sabe um rádio ligado
Num programa de Am
Tocando belas toadas
Contando estórias de matutice
Mostrando o valor das coisas
Um cenário de beleza é um belo por do Sol
Arribaçãs se mudando, as rolinhas barrocando
E até se aninhando
O burrinho alimentado com o milho ali plantado
A alegria de todos que nesse lugar se escondem
Se escondem pra não perder a nobreza
Por que num lugar como esse
não há espaço para pobreza.
A alma pura, o coração limpo
E uma boa noite de sono
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