Dia do Nordestino - 08 de Novembro

quarta-feira, 20 de julho de 2016

Solidade - Maria da Paz

Foi só o sobrou de uma vida
Uma casa em ruínas
Não há mais santos nas paredes
Um terreiro sem margarida

O fogão de lenha foi ao chão
Da cozinha pouco escapou
Os tornos ainda estão nas paredes
Mais já não aguentam as redes

Não tem cerca de agave
Nem um pé de algodão
Sabe quem também morreu
Meu pezinho de pinhão

Os pés de Palmas morreram
Quintal sem galinhas nem puleiro
Os passarinhos desapareceram
Nem um porco no chiqueiro

O barreirinho assoreou
E por falta de chuva secou
A campina  é só mato seco
Não se vê um só marreco

A imburana também morreu
O munturo empobreceu
Nenhum solado de chinelo
Cavei, cavei e nada apareceu

A rodagem se encheu de mato
Não há um preá, nambú, roxinó
Este é o triste retrato
que o tempo nos deixou

O que resistiu mesmo
Foram as panelas de barro
Uma mão de pilão e  um pote
Num cantinho de parede

O Umbuzeiro também resistiu
Sofreu, sofreu mais não desistiu
Uns vizinhos se mudaram
Já outros morreram

 É uma mistura de saudade
Com a tal da solidão
este passado distante
Hoje chama-se Solidade

Parnamirim RN
Maria da Paz
20 de Julho de 2016

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