Dia do Nordestino - 08 de Novembro

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Matuto na rede - Rau Ferreira



     Rau Ferreira (*)

Pr’um matuto como eu
Rede é tudo de bão.
Imagine agora uma rede
Que não é de algodão!...

Que não tem punho
Nem fica longe do chão;
Não se balança; navega!
E cabe todo o mundão.

É u’a rede assim, assim...
Cheia de borogodó e botão
De um zunido diferente
Do que há lá no sertão.

Agente não fica deitado
Nem dá pra dormir não;
Fica conectado, prugado,
Quando vê, gasta um tempão!

E prega no matuto
E olhe, não sai não!
E quando cai a nossa rede
Vixe, é só lamentação...

É brogui, tuiti e siti,
Tudo numa só marcação.
Crica aqui, crica acolá
Vai vendo numa televisão.

Pesquisa de um tudo
E aparece num balão.
O matuto parece douto
Com tanta informação.

Tem lá um tal de meio
Meio pra mim é fração!
Mas nesse a gente escreve
E troca de opinião.

E o rato? É uma bola
com dois botão!
O rabo bem fininho
Fica mexendo na mão.

As letra a gente cata
Espaiada no quadradão
Copia aqui, cola acolá
Em segundo de fração.

E pra mode nóis escutar
O som que é dos bão
Tem duas caixinhas de lado
Grita mais que porco barrão.

A vista inté que dói
O bucho ruge que nem leão
Trago a comida pra perto
Vou comendo de ração.

O moleque de casa
Não brinca de pião
Joga no ocut o dia todo
Naquele troço é campeão.

Diz ele que tem muita
Colheita e plantação
Mas que fazenda é essa
Que não pega no enxadão?

A muié fica ligada
Revezando no fogão
É vendo a Ana Braga
E clicando no feição.

Tenho medo que ela queime
Na panela o feijão
Mas muié faz duas coisas
Com muita precisão.

Homi é que não consegue
Ter de si duas atenção
É uma coisa ou outra
E duas não pode não!

Ah quando termina o tempo
Vai embora meu tostão
Dá uma vontade danada
Mas da rede não saio não.

Eita coisa porreta!
E tudo na palma da mão
Esse matuto na rede
É só satisfação!

Rau Ferreira

Nenhum comentário: