Rau Ferreira (*)
Pr’um matuto como eu
Rede é tudo de bão.
Imagine agora uma rede
Que não é de algodão!...
Que não tem punho
Nem fica longe do chão;
Não se balança; navega!
E cabe todo o mundão.
É u’a rede assim, assim...
Cheia de borogodó e botão
De um zunido diferente
Do que há lá no sertão.
Agente não fica deitado
Nem dá pra dormir não;
Fica conectado, prugado,
Quando vê, gasta um tempão!
E prega no matuto
E olhe, não sai não!
E quando cai a nossa rede
Vixe, é só lamentação...
É brogui, tuiti e siti,
Tudo numa só marcação.
Crica aqui, crica acolá
Vai vendo numa televisão.
Pesquisa de um tudo
E aparece num balão.
O matuto parece douto
Com tanta informação.
Tem lá um tal de meio
Meio pra mim é fração!
Mas nesse a gente escreve
E troca de opinião.
E o rato? É uma bola
com dois botão!
O rabo bem fininho
Fica mexendo na mão.
As letra a gente cata
Espaiada no quadradão
Copia aqui, cola acolá
Em segundo de fração.
E pra mode nóis escutar
O som que é dos bão
Tem duas caixinhas de lado
Grita mais que porco barrão.
A vista inté que dói
O bucho ruge que nem leão
Trago a comida pra perto
Vou comendo de ração.
O moleque de casa
Não brinca de pião
Joga no ocut o dia todo
Naquele troço é campeão.
Diz ele que tem muita
Colheita e plantação
Mas que fazenda é essa
Que não pega no enxadão?
A muié fica ligada
Revezando no fogão
É vendo a Ana Braga
E clicando no feição.
Tenho medo que ela queime
Na panela o feijão
Mas muié faz duas coisas
Com muita precisão.
Homi é que não consegue
Ter de si duas atenção
É uma coisa ou outra
E duas não pode não!
Ah quando termina o tempo
Vai embora meu tostão
Dá uma vontade danada
Mas da rede não saio não.
Eita coisa porreta!
E tudo na palma da mão
Esse matuto na rede
É só satisfação!
Rau Ferreira
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