ORGULHO DE SER NORDESTINO O nordeste hoje implora as águas da cachoeira a chuva corre por fora nem passa pela porteira. por causa dessa demora nordestino quando chora as lágrimas são de poeira. E quando a chuva aparece o ano começa bem tem gente que reza prece tem outras que diz amém a Deus o sertão agradece e eu agradeço também. Guibson Medeiros
Dia do Nordestino - 08 de Novembro
terça-feira, 29 de junho de 2010
Se você me abandonar - Carneiro Portela
Se você me abandonar -
Poesia Matuta de Carneiro Portela
Se você não me quiser
tomo licor de pimenta
bebo leite de jumenta
num lhe dou mais cafuné
desembrabeço a maré
pra ver a praia endoidar
eu faço a cobra fumar
se você fugir de mim
eu vou mudar de camim
se você me abandonar.
Se você não me quiser
bebo chumbo derretido
e nunca mais lhe convido
para ser minha mulher
num tem mais lua de mé
nem faço o sino tocar
nos lugares que eu pisar
num pode nascer capim
eu vou mudar de camim
se você me abandonar.
Se você não me quiser
arranco o rabo do peba
a galinha se amanceba
com outro bicho qualquer
não dá um adeus sequer
com vergonha do preá
e na hora de acordar
fica tocando clarim
eu vou mudar de camim
se você me abandonar.
Se você não me quiser
não é bom que se afoite
escovo a boca da noite
arranco a torre da sé
depois digo porque é
qui a muda não quer falar
o sol pára de brilhar
seu eu estiver sozim
eu vou mudar de camim
se você me abandonar.
Se você não me quiser
eu dou um susto na morte
talvez ela não suporte
se eu lhe der um cangapé
e na hora que eu estiver
danado pra namorar
digo a ela pra estourar
o meu amor com estupim
eu vou mudar de camim
se você me abandonar
Se você não me quiser
quebro a tampa do pinico
mas sozim não sei se fico
feito carro sem chofer
me dane se eu não fizer
a minha égua rinchar
e depois que me olhar
eu jogo ela pro vizim
eu vou mudar de camim
se você me abandonar.
Se você não me quiser
eu ensino um burro a ler
e peço a ele pra dizer
que você ainda me quer
mas se ela me disser
que você não quer voltar
eu digo a ele pra falar
nem que seja no latim
eu vou mudar de camim
se você me abandonar.
Se você não me quiser
eu fico brabo outra vez
e monto na gata pedrez
se outra igual não houver
se ela um chute me der
não ligo, tô com azar
mas se ela não concordar
qui eu sô bem bonitim
eu vou mudar de camim
se você me abandonar.
Fonte: “Nordeste Caboclo – Poesia Matuta”,
Carneiro Portela, Fortaleza, 2004,
Premius Editora
CARNEIRO PORTELA
"Sou um caboclo peitudo
desses da rede rasgada
eu nunca temi a nada
todo tempo topo tudo
nasci, cresci, tive estudo
sou filho de camponês
me criei pegando rês
num bom cavalo de cela
eu sou CARNEIRO PORTELA
este amigao de vocês"
Antônio Carneiro Portela (Coreaú, Ceará, 15/7/1950),
formado em Direito e Letras. Poeta, radialista
(“Forrozao da Verdinha” na Rádio Verdes Mares)
e apresentador de televisão(“Nordeste Caboclo” na TV Diário).
Pesquisador da Cultura Regional.
__________
quinta-feira, 24 de junho de 2010
Um pouco da história das Copas do Mundo - pesquisa
De quatro em quatro anos, seleções de futebol de diversos países do mundo se reúnem para disputar a Copa do Mundo de Futebol.
A competição foi criada pelo francês Jules Rimet, em 1928, após ter assumido o comando da instituição mais importante do futebol mundial: a FIFA ( Federation International Football Association).
A primeira edição da Copa do Mundo foi realizada no Uruguai em 1930. Contou com a participação de apenas 13 seleções, que foram convidadas pela FIFA, sem disputa de eliminatórias, como acontece atualmente. A seleção uruguaia sagrou-se campeã e pôde ficar, por quatro anos, com a taça Jules Rimet.
Uruguai (1930) / Itália (1934) / Itália (1938) / Uruguai (1950) / Alemanha (1954) / Brasil (1958) / Brasil ( 1962) / Inglaterra ( 1966) / Brasil (1970) / Alemanha (1974) / Argentina (1978) / Itália (1982) / Argentina (1986) / Alemanha (1990) / Brasil (1994) / França (1998) / Brasil (2002), Itália (2006).
O Brasil sentiria o gosto de erguer a taça pela primeira vez em 1958, na copa disputada na Suécia. Neste ano, apareceu para o mundo, jogando pela seleção brasileira, aquele que seria considerado o melhor jogador de futebol de todos os tempos: Edson Arantes do Nascimento, o Pelé.
Quatro anos após a conquista na Suécia, o Brasil voltou a provar o gostinho do título. Em 1962, no Chile, a seleção brasileira conquistou pela segunda vez a taça.
Em 1970, no México, com uma equipe formada por excelentes jogadores ( Pelé, Tostão, Rivelino, Carlos Alberto Torres entre outros), o Brasil tornou-se pela terceira vez campeão do mundo ao vencer a Itália por 4 a 1. Ao tornar-se tricampeão, o Brasil ganhou o direito de ficar em definitivo com a posse da taça Jules Rimet.
Após o título de 1970, o Brasil entrou num jejum de 24 anos sem título. A conquista voltou a ocorrer em 1994, na Copa do Mundo dos Estados Unidos. Liderada pelo artilheiro Romário, nossa seleção venceu a Itália numa emocionante disputa por pênaltis. Quatro anos depois, o Brasil chegaria novamente a final, porém perderia o título para o pais anfitrião: a França.
A competição foi criada pelo francês Jules Rimet, em 1928, após ter assumido o comando da instituição mais importante do futebol mundial: a FIFA ( Federation International Football Association).
A primeira edição da Copa do Mundo foi realizada no Uruguai em 1930. Contou com a participação de apenas 13 seleções, que foram convidadas pela FIFA, sem disputa de eliminatórias, como acontece atualmente. A seleção uruguaia sagrou-se campeã e pôde ficar, por quatro anos, com a taça Jules Rimet.
Uruguai (1930) / Itália (1934) / Itália (1938) / Uruguai (1950) / Alemanha (1954) / Brasil (1958) / Brasil ( 1962) / Inglaterra ( 1966) / Brasil (1970) / Alemanha (1974) / Argentina (1978) / Itália (1982) / Argentina (1986) / Alemanha (1990) / Brasil (1994) / França (1998) / Brasil (2002), Itália (2006).
O Brasil sentiria o gosto de erguer a taça pela primeira vez em 1958, na copa disputada na Suécia. Neste ano, apareceu para o mundo, jogando pela seleção brasileira, aquele que seria considerado o melhor jogador de futebol de todos os tempos: Edson Arantes do Nascimento, o Pelé.
Quatro anos após a conquista na Suécia, o Brasil voltou a provar o gostinho do título. Em 1962, no Chile, a seleção brasileira conquistou pela segunda vez a taça.
Em 1970, no México, com uma equipe formada por excelentes jogadores ( Pelé, Tostão, Rivelino, Carlos Alberto Torres entre outros), o Brasil tornou-se pela terceira vez campeão do mundo ao vencer a Itália por 4 a 1. Ao tornar-se tricampeão, o Brasil ganhou o direito de ficar em definitivo com a posse da taça Jules Rimet.
Após o título de 1970, o Brasil entrou num jejum de 24 anos sem título. A conquista voltou a ocorrer em 1994, na Copa do Mundo dos Estados Unidos. Liderada pelo artilheiro Romário, nossa seleção venceu a Itália numa emocionante disputa por pênaltis. Quatro anos depois, o Brasil chegaria novamente a final, porém perderia o título para o pais anfitrião: a França.
segunda-feira, 21 de junho de 2010
Déjà vu
Déjà vu é uma reacção psicológica fazendo com que sejam transmitidas idéias de que já esteve naquele lugar antes, já se viu aquelas pessoas, ou outro elemento externo, enfim,que já vivei uma situação. O termo é uma expressão da língua francesa que significa, literalmente, já visto.
domingo, 6 de junho de 2010
Uma resposta a amiga Luzia Dorneles
Amiga,
ando muito sem tempo
Mas, tirei um tempinho
para te falar sobre seu recado.
Tudo que seu sobre Lucio Barbosa
inicialmente ouvi de boca
de algumas pessoas que conviveram com Ze Ramalho
Entao, resolvi pesquisar na internet mesmo
(Lucio Barbosa compositor).
Quanto aos artigos, alguns nao sao meus.
Sao retirados de Jornais locais,
quando julgo interessantes.
Ja os poemas matutos, grande partes sao meus
Sou professora de Ciencias,
formada na Universidade Potiguar - Natal RN
Desculpas mas, estou sem E-mail.
Alem disso, meu teclado
pirou e a acentuacao ja era.
Visite-me sempre
ando muito sem tempo
Mas, tirei um tempinho
para te falar sobre seu recado.
Tudo que seu sobre Lucio Barbosa
inicialmente ouvi de boca
de algumas pessoas que conviveram com Ze Ramalho
Entao, resolvi pesquisar na internet mesmo
(Lucio Barbosa compositor).
Quanto aos artigos, alguns nao sao meus.
Sao retirados de Jornais locais,
quando julgo interessantes.
Ja os poemas matutos, grande partes sao meus
Sou professora de Ciencias,
formada na Universidade Potiguar - Natal RN
Desculpas mas, estou sem E-mail.
Alem disso, meu teclado
pirou e a acentuacao ja era.
Visite-me sempre
Ensino Médio de 30 dias?????????????????????
MP investiga cursos de ensino médio de 30 dias
Publicação: 06 de Junho de 2010 às 00:00
Wagner Lopes / Tatiana Lima - repórteres
Três anos de Ensino Médio, ou os nove anos do Ensino Fundamental, em apenas 30 dias. A oferta é tentadora para quem não concluiu os estudos. A repórter da TRIBUNA DO NORTE liga se dizendo interessada em conseguir o diploma do antigo “segundo grau”. O funcionário da empresa explica que para obtê-lo é necessário uma avaliação:
Emanuel Amaral
Se depender da promotora Luciana Maciel, o Estado deveria tomar uma atitude, um posicionamentoSe depender da promotora Luciana Maciel, o Estado deveria tomar uma atitude, um posicionamento
“Essa prova vai ter as matérias do nível médio, cada matéria 10 questões, todas de marcar, e vai ter de acertar cinco de cada disciplina. Acertando as cinco de cada, está aprovada com nível médio completo (…) A redação é opcional.”
A conversa continua e a repórter questiona das aulas.
“- Não são obrigatórias. O que importa na verdade é a prova mesmo. Se você não puder assistir às aulas, pega o material, estuda só em casa e se prepara para a prova.”
Surge outra dúvida. Por que a prova não é em Natal?
“- Tem de ser lá (em João Pessoa) porque o Governo Federal só autorizou uma cidade de cada região para fazer esse tipo de prova. No caso do Nordeste, a cidade disponível foi João Pessoa.”
Errado. Quem autoriza os exames são os conselhos estaduais. Mas de qualquer modo a prova pode ser difícil. No entanto o funcionário acalma a interessada:
“- A gente tem aluno aqui que está há quase 30 anos sem entrar em uma sala de aula e consegue ser aprovado.”
Bom. Mas ao se despedir, a repórter ainda questiona se o processo é irregular:
“- Não, não tem problema nenhum. Pode procurar nossas referências que você vai ver que o certificado é legalizado.”
A facilidade do processo chama atenção. Tanto que esse tipo de cursinho, oferecido por pelo menos duas instituições no estado, uma em Natal e outra em Parnamirim, recebe críticas da Secretaria Estadual de Educação (SEEC) e vem sendo investigado pelo Ministério Público Estadual. O inquérito civil 18/09 tramita na Promotoria de Educação de Parnamirim e deve ser repassado à Promotoria de Defesa do Consumidor. O objetivo é levantar informações a respeito dessa modalidade de ensino e, caso seja comprovada alguma irregularidade, ingressar com a devida ação judicial.
A promotora Luciana Maciel, que até a última quarta-feira atuou como substituta na promotoria onde corre o inquérito, entende que não deveria ser necessário aguardar por medidas jurídicas. “Acho que o Estado poderia tomar logo uma atitude, um posicionamento”, defende a representante do Ministério Público.
Ela lembra que a resolução 01/2007, do Conselho Estadual de Educação, exige não só que as instituições que realizam exames voltados para a Educação de Jovens e Adultos (EJA), área que abrange atualmente os supletivos, sejam credenciados ao conselho. “Determina também que os cursos preparatórios para esses exames tenham esse credenciamento”, revela.
A subcoordenadora de Inspeção Escolar da Secretaria Estadual, Auxiliadora Albano, aponta a principal dificuldade do órgão em proibir o funcionamento desses tipos de cursinhos: “Tem nos incomodado muito, mas não temos como coibir porque eles levam os alunos para fazer os exames em João Pessoa e lá a escola onde é feita a prova é autorizada pelo conselho daquele estado. Então estamos de mãos atadas.”
Educadora considera um abuso
A subcoordenadora de Inspeção Escolar da Seec, Auxiliadora Albano, se mostra indignada e revela que muitas pessoas procuram a secretaria em busca de informações sobre os cursinhos que oferecem Ensino Fundamental ou Médio em 30 dias. “Não podemos dizer que é ilegal, mas é um abuso”, admite. Para ela, o certo seria as duas instituições pedirem credenciamento no conselho potiguar, para poderem realizar os exames no próprio Rio Grande do Norte. “Mas elas não fazem isso”, lamenta.
A subcoordenadora critica também o fato de as propagandas e faixas dos cursinhos (que geralmente não trazem os nomes das instituições) divulgarem que se tratam de exames “autorizados pelo Conselho Estadual de Educação”, sem especificarem que se trata do conselho paraibano e não o do Rio Grande do Norte. “Eles falam ainda do Ministério da Educação, mas o MEC não tem nada a ver com isso”, reclama. Os conselhos estaduais é que têm o poder de autorizar, ou não, tais exames.
A esperança de Auxiliadora Albano é no trabalho do Ministério Público e do próprio Conselho Estadual de Educação do RN, que vem acompanhando o caso. De acordo com a promotora Luciana Maciel, já foram solicitadas, inclusive, informações à Secretaria de Educação da Paraíba. “E temos também no inquérito um documento repassado pelo ex-secretário de Educação do Rio Grande do Norte, Ruy Pereira, que diz que mesmo o funcionamento de cursos avulsos precisa ser regulamentado pela secretaria.”
Provas no RN são mais criteriosas
Comparando as provas oferecidas pelos cursinhos de “30 dias” em João Pessoa e as realizadas pelas bancas permanentes ligadas à Secretaria de Educação do Rio Grande do Norte fica fácil entender o atrativo das instituições que levam os alunos ao estado vizinho. O exame de João Pessoa dura apenas um domingo e inclui somente 120 questões, “todas de marcar”, como faz questão de ressaltar o funcionário de um dos cursinhos. Até a viagem de ida e volta à Paraíba está incluída no preço total do pacote.
O modelo adotado nas escolas públicas potiguares permite se fazer as provas de no máximo três disciplinas a cada sete dias, ou seja, o estudante leva um mínimo de três semanas para concluir as oito matérias do Ensino Médio e, se for reprovado em alguma, só poderá refazê-la após 60 dias. Além disso, são 40 questões por prova. Em Natal há bancas permanentes nos centros de educação Felipe Guerra (Praça Cívica), Reginaldo Teófilo (Caic de Lagoa Nova) e Lia Campos (avenida Coronel Estevam).
De acordo com o diretor do Felipe Guerra, José de Arimatéia Morais, os estudantes que desejam concluir o Ensino Médio têm ainda a opção de estudar no supletivo. Nesse caso, o Ensino Médio é concluído em um ano de estudos, durante o qual o aluno pode também ir realizando as provas da banca. “Se eles passarem em determinada disciplina, já não precisam frequentar as aulas daquela matéria”, explica.
Para o supletivo, a idade mínima é de 15 anos, no Ensino Fundamental, e 17 anos, quando se trata de Ensino Médio. “A banca é diferente. Você vem se matricula e faz a inscrição por disciplina, sem precisar assistir aula. Aí pode se preparar por conta própria e agenda uma prova por dia, no máximo três por semana”, detalha. No Ensino Fundamental é preciso aprovação em cinco disciplinas: Português, Matemática, Ciências, História e Geografia. No Ensino Médio são oito: Português, Matemática, Química, Física, História, Biologia, Geografia e Língua Estrangeira.
O Felipe Guerra atualmente conta com 2.304 alunos matriculados nos supletivos. Na banca permanente estão inscritos 3.787 no Ensino Médio e 1.677 no Fundamental. Para se ter uma ideia do rigor das provas, é comum haver reprovações. “Tem gente matriculada na banca desde 2008 e que vai fazendo e repetindo as provas até concluir todas as aprovações necessárias”, revela.
sábado, 5 de junho de 2010
O Potengi está morrendo aos poucos - DN
Edição de sábado, 5 de junho de 2010
O Potengi está morrendo aos poucos
Nível de poluentes mina fecundidade do rio. Além do dano ambiental, situação retira sustento dos pescadores
Andrielle Mendes (especial para o Diário de Natal) // andriellemendes.rn@dabr.com.br
Razão do sofrimento de centenas de pescadores, a falta de peixes no Potengi tem explicação científica. A poluição do estuário está afetando a sobrevivência, fecundidade e reprodução de determinados organismos aquáticos. Foi o que pesquisadores da UFRN detectaram durante a realização da pesquisa "Diagnóstico das Cargas Poluentes dos Estuários dos Rios Potengi e Jundiaí", coordenada pelo professor do Departamento de Oceanografia e Limnologia da UFRN, Guilherme Fulgencio. O estudo, ainda em desenvolvimento, revelou altos níveis de toxicidade em alguns trechos dos rios Jundiaí e Potengi, que se juntam aos rios Golandim e Rio Doce e formam o estuário Potengi. A pesquisa, encomendada pelo Instituto de Defesa do Meio Ambiente (Idema), mostra que o lançamento de efluentes orgânicos e substâncias químicas está reduzindo a biodiversidade do estuário.
Gato come peixe que não serve para consumo humano, descartado pelos trabalhadores Foto: Fotos:Fábio Cortez/DN/D.A Press
Por trás da constatação, um alerta. A morte de organismos em decorrência da poluição pode afetar a cadeia alimentar e causar sérios problemas ao ecossistema. Os pescadores ribeirinhos já sentem na pele os reflexos do alto nível de poluição (ver matéria na página 9). "Os recursos pesqueiros estão diminuindo, porque alguns organismos procuram o mangue para se abrigar, se alimentar e crescer e acabam morrendo devido aos altos índices de toxicidade", afirma o professor. O rio, assim como os pescadores ribeirinhos, está no limite do suportável. Qualquer descarga excessiva de resíduos orgânicos ou químicos pode abalar o aparente equilíbrio. A pesquisa revela um problema sério, que quase ninguém se dá conta. A dificuldade de reprodução dos organismos pode provocar a diminuição e até o desaparecimento de determinadas espécies. Os próprios pescadores ribeirinhos se queixam do desaparecimento de diferentes espécies de peixes e de crustáceos no manguezal e no estuário, como a saúna, o caranguejo-uçá e o aratu. "Devido aos altos índices de toxicidade, muitos organismos não vão conseguir se reproduzir", explicou o professor.
Testes
Para chegar a este resultado, os pesquisadores fizeram alguns testes com animais aquáticos, que foram denominados de organismos-teste na pesquisa. Eles coletaram amostras de água e sedimento (terra) em vários pontos do Potengi e do Jundiaí e levaram até o Laboratório de Ecotoxologia, no Departamento de Oceanografia e Limnologia da UFRN. Lá, eles colocaram os organismos-teste nas amostras colhidas e observaram a sobrevida dos animais aquáticos. Parte dos organismos não sobreviveu ao teste agudo (mais curto e que testa a sobrevivência), o que revelou o alto nível de toxicidade das amostras. Além disso, boa parte dos que sobreviveram apresentou problemas de fecundidade e dificuldade de reprodução durante o teste crônico, mais longo que o agudo e que analisa o impacto da carga tóxica no crescimento, reprodução, capacidade de sobrevivência e outras funções biológicas dos animais aquáticos em contato com as amostras.
Guilherme Fulgencio também é co-orientador da pesquisa "Avaliação Ecotoxicológica dos Efluentes Lançados no Complexo Estuarino do Jundiaí-Potengi", que está sendo desenvolvida pela pesquisadora Sinara Cybelle Turíbio, da UFRN.
O Potengi está morrendo aos poucos
Nível de poluentes mina fecundidade do rio. Além do dano ambiental, situação retira sustento dos pescadores
Andrielle Mendes (especial para o Diário de Natal) // andriellemendes.rn@dabr.com.br
Razão do sofrimento de centenas de pescadores, a falta de peixes no Potengi tem explicação científica. A poluição do estuário está afetando a sobrevivência, fecundidade e reprodução de determinados organismos aquáticos. Foi o que pesquisadores da UFRN detectaram durante a realização da pesquisa "Diagnóstico das Cargas Poluentes dos Estuários dos Rios Potengi e Jundiaí", coordenada pelo professor do Departamento de Oceanografia e Limnologia da UFRN, Guilherme Fulgencio. O estudo, ainda em desenvolvimento, revelou altos níveis de toxicidade em alguns trechos dos rios Jundiaí e Potengi, que se juntam aos rios Golandim e Rio Doce e formam o estuário Potengi. A pesquisa, encomendada pelo Instituto de Defesa do Meio Ambiente (Idema), mostra que o lançamento de efluentes orgânicos e substâncias químicas está reduzindo a biodiversidade do estuário.
Gato come peixe que não serve para consumo humano, descartado pelos trabalhadores Foto: Fotos:Fábio Cortez/DN/D.A Press
Por trás da constatação, um alerta. A morte de organismos em decorrência da poluição pode afetar a cadeia alimentar e causar sérios problemas ao ecossistema. Os pescadores ribeirinhos já sentem na pele os reflexos do alto nível de poluição (ver matéria na página 9). "Os recursos pesqueiros estão diminuindo, porque alguns organismos procuram o mangue para se abrigar, se alimentar e crescer e acabam morrendo devido aos altos índices de toxicidade", afirma o professor. O rio, assim como os pescadores ribeirinhos, está no limite do suportável. Qualquer descarga excessiva de resíduos orgânicos ou químicos pode abalar o aparente equilíbrio. A pesquisa revela um problema sério, que quase ninguém se dá conta. A dificuldade de reprodução dos organismos pode provocar a diminuição e até o desaparecimento de determinadas espécies. Os próprios pescadores ribeirinhos se queixam do desaparecimento de diferentes espécies de peixes e de crustáceos no manguezal e no estuário, como a saúna, o caranguejo-uçá e o aratu. "Devido aos altos índices de toxicidade, muitos organismos não vão conseguir se reproduzir", explicou o professor.
Testes
Para chegar a este resultado, os pesquisadores fizeram alguns testes com animais aquáticos, que foram denominados de organismos-teste na pesquisa. Eles coletaram amostras de água e sedimento (terra) em vários pontos do Potengi e do Jundiaí e levaram até o Laboratório de Ecotoxologia, no Departamento de Oceanografia e Limnologia da UFRN. Lá, eles colocaram os organismos-teste nas amostras colhidas e observaram a sobrevida dos animais aquáticos. Parte dos organismos não sobreviveu ao teste agudo (mais curto e que testa a sobrevivência), o que revelou o alto nível de toxicidade das amostras. Além disso, boa parte dos que sobreviveram apresentou problemas de fecundidade e dificuldade de reprodução durante o teste crônico, mais longo que o agudo e que analisa o impacto da carga tóxica no crescimento, reprodução, capacidade de sobrevivência e outras funções biológicas dos animais aquáticos em contato com as amostras.
Guilherme Fulgencio também é co-orientador da pesquisa "Avaliação Ecotoxicológica dos Efluentes Lançados no Complexo Estuarino do Jundiaí-Potengi", que está sendo desenvolvida pela pesquisadora Sinara Cybelle Turíbio, da UFRN.
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