ORGULHO DE SER NORDESTINO O nordeste hoje implora as águas da cachoeira a chuva corre por fora nem passa pela porteira. por causa dessa demora nordestino quando chora as lágrimas são de poeira. E quando a chuva aparece o ano começa bem tem gente que reza prece tem outras que diz amém a Deus o sertão agradece e eu agradeço também. Guibson Medeiros
Dia do Nordestino - 08 de Novembro
segunda-feira, 22 de setembro de 2008
Nóis sofre, mais é filiz - Autora:DaPaz
Quando chove no Sertão
É tempo de aligria
Mais, tombém de agunia
O teiado lá de casa
Pinga igual uma peneira
Assanoite chuveu tanto
Coitadinha da muié
Num dormiu uma madorna
Pelas brechas da cumieira
Ficou oiando pru ceú
Eu tombém perdí o sono
Com a tosse dos mininos
E o ribuliço das galinha
Pobre é bicho desvalido
Numa hora tá contente
Cum a chuva que chegou
Na merma hora tá triste
Cum o pinga pinga medonho
Balde, panela, bacia
Cuia, gamela e toné
É aquele sofrimento
Inté condi Deus quizer
Maria da Paz
Macaíba(RN), 29/08/2008
quarta-feira, 17 de setembro de 2008
Cidadão - Lucio Barbosa
Cidadão
Zé Ramalho
Composição: Lucio Barbosa
Tá vendo aquele edifício moço
Ajudei a levantar
Foi um tempo de aflição
Eram quatro condução
Duas prá ir, duas prá voltar
Hoje depois dele pronto
Olho prá cima e fico tonto
Mas me vem um cidadão
E me diz desconfiado
"Tu tá aí admirado?
Ou tá querendo roubar?"
Meu domingo tá perdido
Vou prá casa entristecido
Dá vontade de beber
E prá aumentar meu tédio
Eu nem posso olhar pro prédio
Que eu ajudei a fazer...
Tá vendo aquele colégio moço
Eu também trabalhei lá
Lá eu quase me arrebento
Fiz a massa, pus cimento
Ajudei a rebocar
Minha filha inocente
Vem prá mim toda contente
"Pai vou me matricular"
Mas me diz um cidadão:
"Criança de pé no chão
Aqui não pode estudar"
Essa dor doeu mais forte
Por que é que eu deixei o norte
Eu me pus a me dizer
Lá a seca castigava
Mas o pouco que eu plantava
Tinha direito a comer...
Tá vendo aquela igreja moço
Onde o padre diz amém
Pus o sino e o badalo
Enchi minha mão de calo
Lá eu trabalhei também
Lá foi que valeu a pena
Tem quermesse, tem novena
E o padre me deixa entrar
Foi lá que Cristo me disse:
"Rapaz deixe de tolice
Não se deixe amedrontar
Fui eu quem criou a terra
Enchi o rio, fiz a serra
Não deixei nada faltar
Hoje o homem criou asa
E na maioria das casas
Eu também não posso entrar
Fui eu quem criou a terra
Enchi o rio, fiz a serra
Não deixei nada faltar
Hoje o homem criou asas
E na maioria das casas
Eu também não posso entrar"
Hié! Hié! Hié! Hié!
Hié! Oh! Oh! Oh!
CIDADÃO
Composição: Lucio Barbosa
Primeiro interprete: Zé Geraldo
Lúcio compôs Cidadão em 1976. Com ela venceu o
Festival Simonense da canção, da cidade de São
Simão. A música ficou reconhecida em todo o
país, quando foi gravada no LP "Terceiro Mundo"
por Zé Geraldo. Muitos artistas gravaram essa
composição: Luiz Gonzaga, Elimar Santos, Renato
Teixeira, Wilsom Paim, mas, foi na voz de Zé Ramalho
em 1994 em seu LP "Frevoador" que a música ganhou
conotação forte. Antes disso, em 1992, Zé Geraldo
regravou Cidadão. Zé Ramalho repetiu a dose e por fim,
Chico Teixeira (filho de Renato teixeira) e Nô Stopa
(filho de Zé Geraldo)tiveram participação especial
no Show ao vivo de Renato e Zé Geraldo. Entre outras
composições, podemos citar "O profeta" e "Vagabundo forçado"
Lucio Barbosa é baiano de Senhor do Bonfim e reside
atualmente em Tapecerica da Serra. O poeta negro fez essa
composição em homenagem a seu tio Ulisses, pedreiro,
também negro e baiano de Bonfim, que construiu
inúmeras casa, mas, que nunca teve casa própria.
terça-feira, 9 de setembro de 2008
Agruras da lata d'água - Jessier Quirino
...E eu que fui enjeitada
Só porque era furada.
Me botaram um pau na boca,
Sabão grudaram no furo,
Me obrigaram a levar água
Muitas vezes pendurada,
Muitas vezes num jumento.
Era aquele sofrimento,
As juntas enferrujadas.
Fiquei com o fundo comido.
Quando pensei que tivesse
Minha batalha cumprido,
Um remendo me fizeram:
Tome madeira no fundo
E tome água e leva água,
E tome água e leva água.
Daí nasceu minha mágua:
O pau da boca caía,
Os beiços não resistiam.
Me fizeram um troca-troca:
Lá vem o fundo pra boca,
Lá vai o pau para o fundo.
Que trocado mais sem graça
Na frente de todo mundo.
E tome água e leva água
E tome água e leva água.
Já quase toda enfadada,
Provei lavagem de porco,
Ai mexeram de novo:
Botaram o pau na beirada.
E assim desconchavada,
Medi areia e cimento,
Carreguei muito concreto
Molhado duro e friento,
Sofri de peitos aberto,
Levei baque dei peitada.
Me amassaram as beiradas,
Cortaram minhas entranhas.
Lá fui eu assar castanha,
Fui por fim escancarada.
Servi de cocho de porco
Servi também de latada.
Se a coisa não complica,
Talvez eu seja uma bica
Pela próxima invernada.
E inverno é chuva, é água,
E eu encherei outras latas
Cumprindo minha jornada.
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